Crescimento fraco preocupa laticínios em Minas

Fernando Dutra - Hoje em Dia
14/11/2014 às 08:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:00
 (Samuel costa/ Hoje em Dia )

(Samuel costa/ Hoje em Dia )

Diante de um cenário de aumento na produção de laticínios, sem que o crescimento do consumo tenha acompanhado, empresários se mostram pessimistas quanto ao desempenho do setor no ano que vem. Em 2014, a taxa de crescimento da produção deve se manter próximo dos 5%, como tem ocorrido nos últimos anos, enquanto o consumo registrará alta de 1,5%.   Nos últimos anos, o consumo de leite no país aumentou consideravelmente, sobretudo com a ascensão econômica de grande parcela da população. A indústria se preparou para atender à demanda, expandindo sua capacidade de produção. No entanto, com o baixo crescimento econômico do país neste ano, a alta da produção superou a elevação do consumo, gerando uma capacidade ociosa nas indústrias.   De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), João Lúcio Barreto Carneiro, esse volume “ocioso” resulta em uma baixa de preço ao consumidor. “Quando o preço cai há um aumento de consumo, em detrimento da margem da indústria. Esse é o primeiro ponto. Outro ponto é uma estocagem de produto acabado, principalmente leite em pó. No final do ano, parte dessa produção é estocada, principalmente leite em pó e queijos”.   Para o diretor-executivo do Silemg, Celso Costa Moreira, o ideal seria destinar a produção excedente para as exportações, porém a realidade brasileira não é favorável nesse sentido. “Nossa exportação é insignificante. É direcionada principalmente para a Venezuela, alguns países africanos e Oriente Médio, mas uma venda muito pequena”, afirmou.   Costa reiterou, ainda, que o Brasil fica abaixo de Argentina e Uruguai no volume de exportações. O ranking é liderado pela Nova Zelândia.   Diante do fraco desempenho do país nas exportações, o principal mercado é o interno, que conta com mais de 200 milhões de potenciais consumidores. Segundo o diretor-executivo do Silemg, os principais compradores do leite mineiro são os estados da região nordeste, além de São Paulo e Rio de Janeiro.   Futuro   Embora o consumo de laticínios tenha aumentado pouco neste ano, na faixa de 1,5%, a expectativa de João Lúcio Barreto é de crescimento para o setor em 2015, uma vez que o consumo per capita de produtos lácteos no país ainda é baixo. A Organização Mundial de Saúde estima um consumo médio de 200 litros por habitante por ano, enquanto no Brasil o consumo é de 180 litros.   Segundo o diretor de Gestão e Relações Institucionais da Itambé, Ricardo Cotta Ferreira, a expectativa não é das melhores para o ano que vem. A Itambé firmou uma parceria com a Vigor e tem investido em produtos de maior valor agregado e na expansão do portfólio, mas Ferreira salienta que o setor precisa ganhar competitividade. “O custo pós-porteira aqui (Brasil) é o maior”, salientou.   Minas Gerais   Em Minas Gerais, maior produtor de leite do país, 155 indústrias são filiadas ao Silemg e são responsáveis por 80% da produção de leite no estado. Em todos os municípios mineiros estima-se que existam mais de mil pequenas indústrias que não são sindicalizadas. O setor gera 25 mil empregos diretos no estado.

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