Crise da Usiminas tem efeito dominó em Ipatinga

Bruno Porto - Hoje em Dia
18/02/2016 às 08:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:27

Apesar do agravamento recente da crise da Usiminas, a companhia atravessa um período difícil já há alguns anos, com reflexos negativos em Ipatinga, no Vale do Aço, fortemente dependente das atividades da usina.

A dimensão da fabricante de aços para a cidade pode ser medida pela arrecadação de IPTU. De tudo o que entra nos cofres municipais a título de Imposto Predial Territorial Urbano, metade foi pago pela Usiminas, de acordo com a Prefeitura.

Nos últimos cinco anos, o município do Vale do Aço demitiu mais do que empregou em quatro, acumulando um fechamento superior a 11 mil vagas desde 2011.

A curva que mostra a arrecadação de impostos da Prefeitura também aponta para baixo, sem perspectiva de alta, e os desdobramentos da crise se alastram para outros setores fora da fabricação de aço, como o comércio. Segundo o secretário municipal de Fazenda de Ipatinga, Fábio Mussi, o peso financeiro da Usiminas para Ipatinga mostra seus efeitos na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Impactos

O repasse de parte do tributo do Estado para a Prefeitura é calculado pelo nível de atividade econômica da cidade, representado por um indicador denominado Valor Adicionado Fiscal (VAF). Quanto maior o VAF, maior o repasse.

Desde 2010, o VAF de Ipatinga apresenta redução ano a ano, derrubando o valor dos repasses de ICMS, que em 2014 foi de R$ 170 milhões, em 2015 de R$ 152 milhões e, estima-se para este ano, R$ 140 milhões.

“O ICMS, além de ser a principal fonte de arrecadação atrelada a Usiminas, é a principal fonte de renda própria da Prefeitura. A arrecadação cair em período de crise é muito complicado, porque são nesses períodos que se aumenta a demanda por serviços públicos”, disse Mussi.

O período de redução do VAF coincide com a crise da siderurgia. Há, no mundo, um amplo excesso de oferta de aço. A estratégia agressiva da China no mercado internacional, praticando preços muito abaixo dos fabricantes tradicionais, expulsa do mercado players como o Brasil.

Cenário

Depois da queda de 2015, o Instituto Aço Brasil (IABr) estima baixa de 4% nas vendas internas em 2016.

A redução do pessoal empregado na Usiminas também gera impactos negativos para o comércio.

“É menos renda circulando, as lojas vendem menos e cortam mão de obra. Com o comércio e o setor de serviços impactados, a arrecadação de Imposto sobre Serviços (ISS) também é afetada”, disse Mussi.

De acordo com ele, desde 2014 o ISS cai mês a mês, sendo que em janeiro deste ano a retração chegou a 20% sobre janeiro de 2015.

Em meio à crise, a Usiminas está com dificuldades de vender seus ativos nesse período turbulento.

No movimento mais recente de desinvestimento, a empresa contratou o Credit Suisse para se desfazer da Usiminas Mecânica, mas ainda tem imóveis e participação na MRS que podem ser vendidos.

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