Crise modifica perfil dos contratados para postos de alto escalão em Minas

Tatiana Lagôa
tlagôa@hojeemdia.com.br
10/02/2017 às 19:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:51

A crise está forçando uma redefinição dos quadros de chefia das empresas mineiras. Como a ordem no meio corporativo passou a ser o famoso “mais por menos”, abre-se uma janela de oportunidades para profissionais jovens dispostos a trabalhar muito e receber nem tanto assim. 

Dentre os mais experientes, ficam aqueles que se adequam a um mercado que exige mais proatividade. Isso porque já era a fase em que o presidente planejava e delegava aos subordinados a ação.

Uma explicação para a mudança de perfil é a redução dos salários médios pagos em cargos de alto escalão. Claro que os valores alternam conforme o porte da empresa.

Mas, no mercado mineiro, o pagamento pode variar de R$ 10 mil a R$ 60 mil. Coordenadores recebem cerca de R$ 10 mil; gerentes de R$ 15 mil a R$ 17 mil; diretores de R$ 20 mil a R$ 40 mil e os chamados profissionais de primeira linha de gestão, que são os presidentes, de R$ 45 mil a R$ 60 mil.

Os valores, considerados altos por muita gente, já foram maiores. Segundo o diretor-executivo da Upside Group, Bruno da Matta Machado, a remuneração caiu cerca de 20%.

“Mesmo com uma diversidade de cargos e salários, todos passaram por uma readequação da folha de pagamentos. A crise forçou esse movimento”, explica. Até mesmo o trabalho sofreu alterações. Com as equipes cada vez mais enxutas, se dá bem no cargo de chefia quem realiza mais funções. Ou “coloca a mão na massa”.

É nesse contexto que os jovens podem chegar aos degraus altos das empresas. “Aquele que tem um bom currículo, disponibilidade, criatividade e vontade para vestir a camisa da empresa ganha espaço. E muitas vezes os jovens estão mais dispostos a passar por essa virada. Estão com mais gás”, afirma Machado.

Foi assim, por exemplo, que Rafael Flores de Almeida, de 34 anos, tornou-se superintendente comercial do Hospital Mater Dei, em janeiro deste ano. A empresa buscava um profissional com bom currículo e ideias novas para assumir o cargo.

Formado em engenharia de telecomunicação e com pós-graduação em gerenciamento de projetos, ele caiu como uma luva para esses planos. “A empresa tinha como objetivo fortalecer a parte comercial e aprimorar o negócio”, explica.Flávio Tavares/ Hoje em Dia

Especialista em recrutamento, Bruno da Matta notou que há demanda por executivos jovens no estado

Oportunidades em cargos de gestão serão maiores em 2017

Assim como para os demais profissionais, conquistar uma vaga de executivo na crise não tem sido fácil. Mas as perspectivas para 2017 são um pouco mais animadoras.

“Até o ano passado, o país estava estagnado. Mas neste ano, a economia tende a reagir. As empresas já terão que se preparar para reposicionamento no mercado com contratação de gestores”, afirma a diretora-executiva da Quality Training, Marisa Ayub.

Para disputar uma vaga nesse mercado é preciso se especializar para atender necessidades específicas das empresas. O ideal é conhecer bem aquele nicho onde pretende atuar e desenvolver cada vez mais habilidades profissionais na área escolhida.

Dominar outros idiomas e ter uma vivência internacional também são questões importantes. Outro aspecto que pode agilizar o reposicionamento é a ampliação da rede de relacionamentos, uma vez que quem não é visto, não é lembrado quando surgem as oportunidades.

“O profissional precisa ter uma experiência consistente na área de atuação, independentemente da idade. Por isso, mudar de foco de uma hora para a outra não é o ideal”, afirma a diretora-executiva do escritório de Belo Horizonte da Thomas Case e Associados, Elizabeth Pinheiro Chagas.

Ela acredita em que um contexto de crise o ideal é também “abrir a cabeça”. Isso serve tanto para aceitar cargos em localidades mais distantes, quanto salários menores.

Para os profissionais mais maduros, que já tinham uma carreira mais consolidada, essa flexibilidade pode ser mais difícil, porém fundamental para fazer frente à concorrência.

Uma dica comum aos especialistas em recolocação profissional é a importância da estratégia na distribuição dos currículos. Se colocar à disposição de todas as vagas que surgirem é algo que mais atrapalha do que ajuda.

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