Dilma defende documento que omite direito reprodutivo

Tânia Monteiro
21/06/2012 às 17:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:00

A presidente Dilma Rousseff foi muito aplaudida ao pregar em discurso, no Fórum de Mulheres Líderes, durante a Rio+20, o direito das mulheres à sexualidade, à reprodução e ao planejamento familiar. Mas fez questão de defender o documento final elaborado pela ONU, que atendeu à pressão do Vaticano e por isso foi durante criticado pelas mulheres, por ter excluído a expressão "direito reprodutivo das mulheres". Dilma lembrou que o documento final foi fruto de consenso e lembrou que é importante se obter documentos únicos. Por isso mesmo, Dilma elogiou a presidente da ONU Mulheres, a ex-presidente do Chile Michele Bachelet, por ter conseguido tirar um documento único das mulheres, com consenso de todos os países, respeitando as diversidades e sendo mais específicos no detalhamento dos direitos das mulheres.

"Aqui, a palavra-chave é o acesso a todos, mas sobretudo para a mulher. Acesso a recursos naturais, em especial à água; acesso ao alimento, acesso à moradia digna, acesso ao saneamento básico, à energia, à educação", disse Dilma em seu discurso na abertura do seminário de mulheres. "No Brasil, estamos investindo para superar dificuldades de acesso aos serviços de saúde, com pleno exercício dos direitos sexuais reprodutivos ", prosseguiu a presidente sob aplausos.

Em seguida, representantes de vários países criticaram a retirada da expressão "direito reprodutivo das mulheres", que entendem ter uma relação mais estreita com direito ao aborto. A primeira-ministra da Irlanda, Mary Robinson, disse que "tem arrependimento" que o documento final da ONU não trouxesse a referência "direitos de reprodução", que ela considera que são essenciais para o desenvolvimento. "É uma pena que nenhum dos textos tenha uma referência bastante clara", afirmou Robinson. As representantes da Noruega e da Jamaica também defenderam a liberdade da mulher na opção pelo direito à vida. Mary Robinson citou ainda que é importante que todos estejam atentos para que não haja retrocesso nos princípios fundamentais.

Um momento curioso dos discursos foi quando a presidente Dilma Rousseff defendeu a divisão de tarefas em casa com os maridos e foi fortemente aplaudida, com gritos efusivos das presentes. A presidente Dilma falou ainda sobre a isonomia salarial com os homens e a autonomia econômica das mulheres para a construção de sua cidadania plena, respeitando-se as culturas e os costumes de cada sociedade. O encontro terminou com uma espécie de grito de guerra entre as presentes :"os direitos das mulheres são universais".

No discurso de encerramento da reunião, a ex-presidente do Chile Michele Bachelet, depois de considerar esta reunião um "momento histórico", defendeu o "direito sexual e de reprodução para as mulheres". Bachelet também falou da necessidade de as mulheres terem direito não só de votar, mas de serem eleitas e pregou ações para que as mulheres não sofram mais violência. Para Bachelet, "em 20 anos, avançamos muito pouco em relação aos direitos das mulheres", e exemplificou ao comentar que, ainda hoje, a cada dois minutos uma mulher morre por complicações no parto e 25 milhões de mulheres não têm acesso a métodos contraceptivos. Bachelet concluiu seu discurso dizendo que "o momento é de ação" e que todas têm de trabalhar juntas.
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