Economia mineira volta a respirar: PIB cresceu 0,6% em 2017

Fábio Corrêa
fcaraujo@hojeemdia.com.br
21/03/2018 às 21:34.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:58
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Mesmo em um ano de recessão, a empresa Lamas, especializada na venda de insumos e equipamentos para produção artesanal de cerveja, registrou em 2017 um crescimento de 30% no faturamento, aquém ainda da previsão inicial de dobrar essa expansão. Esse resultado veio na esteira do desempenho positivo registrado pelos setores de comércio (2,5%) e serviços (1,3%), que alavancaram o Produto Interno Bruto de Minas (PIB) no ano passado (0,6%), colocando fim a três anos consecutivos de resultados negativos. Já o segmento agropecuário teve retração de 1,7% no período, assim como a indústria (-1,4%).

O sócio-proprietário da Lamas, José Bento Valias, avaliou como positivo o resultado, principalmente pelo fato de a cerveja artesanal ser considerada um produto supérfluo. “Esperamos um crescimento pelo menos igual para este ano, de 30%, tendo em vista que o mercado já vem solidificando e a crise que está cedendo”, disse. O planejamento da empresa para este ano leva em conta também a ampliação de cursos relacionados à produção de cerveja.

O fim da recessão, segundo dados divulgados ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), tem deixado os comerciantes mais otimistas, inclusive já projetando uma expansão dos negócios. O laboratório Geraldo Lustosa, por exemplo, que cresceu 6% no ano passado, prevê um resultado ainda melhor neste ano. 
“A expectativa para este ano 2018 é crescer 10% em relação ao ano passado”, projeta Mozart Machado, diretor comercial do empreendimento. Segundo ele, o final do ano passado foi atípico. “São meses mais mornos devido às férias, pois até os médicos, que solicitam os exames, não estão tão presentes. Mas vimos sinais mais fortes de aquecimento, abrimos uma nova unidade de vacinas e sentimos uma alta na demanda nas nossas unidades”, conta Machado.

Recuperação
No ano passado, o PIB mineiro voltou a crescer, após três anos de contração da atividade econômica:2014 (-2,6%), 2015 (-4,9%) e 2016 (-2,6%). 
No setor de serviços, responsável por praticamente 70% do PIB do Estado, os subsetores de transportes (0,9%) e outros serviços (0,9%) também tiveram alta. Já a administração pública registrou retração de -0,4%. 

O crescimento acumulado de 32,5% na venda do segmento de tecidos, vestuários e calçados foi o principal impulso para o bom resultado do comércio mineiro. Supermercados e hipermercados (15,1%) e eletrodomésticos (11%) também tiveram desempenho positivo. 

Já combustíveis e lubrificantes (-25,3%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-25,0%) e veículos, motocicletas, partes e peças (-20,2%), no entanto, foram na direção contrária.

“Podemos dizer, tecnicamente, que a economia mineira não está mais em recessão. Não tem mais crise, apesar de o crescimento ser muito modesto. O que a gente imagina para próximos anos é que esse crescimento seja sustentável”, resume Glauber Silveira, pesquisador da FJP. Segundo ele, a expectativa do mercado é que o PIB cresça 3% neste ano tanto em Minas quanto no Brasil. 

 Café e leite comprometeram setor agropecuário


Quedas na produção de café e leite seguraram a expansão do setor agropecuário em Minas e fizeram com que a economia do Estado tivesse uma recuperação menor que a nacional em 2017. No geral, a economia do país cresceu 1%, contra os 0,6% em Minas.

A produção em propriedades rurais no Estado caiu 1,4% no acumulado de 2017, mesmo tendo registrado uma alta de 9% no quarto trimestre em relação aos três meses anteriores. No país, o setor cresceu nada menos que 13%, puxado pela alta da soja.

“Os dois principais produtos da pauta agrícola mineira, o café e o leite, não apresentaram crescimento tão expressivo”, explicou Gláuber Silveira, pesquisador da FJP. “A agropecuária brasileira é soja, que foi o que deu esse ‘boom’ em 2017”, complementou.

Em relação ao café arábica, segundo previsão do IBGE, a queda será de 18,3% na safra de 2017 em relação à anterior. 

De acordo Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da Faemg, o número é explicado pela bienalidade na produção do grão, que tem anos com boa colheita e outros com resultado negativo, como foi o caso de 2017. “É uma característica específica da cultura. Tendo em vista que o café é um produto muito importante, ajudou a puxar para baixo o indicador”, explica.

Já com o leite houve um ajuste na demanda por parte dos produtores. “Os preços praticados no mercado estavam muito baixos, muito aquém do que cobriria os custos dos produtores. Em função de adequação, os produtores conduziram a atividade para uma produção menor”, avalia Aline.

A Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE, mostra que, no Estado, foram adquiridos 116 mil litros a menos de leite cru em 2017 em relação a 2016.

Indústria
A indústria, por sua vez, registrou retração de 1,4%, tendo o setor ficado estável no PIB brasileiro. Neste segmento, cresceram negativamente os subsetores de construção civil (-6,4%) e de energia e saneamento (-7,2%). 

Segundo Gláuber Silveira os números não são tão ruins, já que a indústria de transformação conseguiu um resultado positivo de 1,3%.

“A indústria, principalmente a de transformação, é uma locomotiva e tem a capacidade de puxar outros setores, inclusive o comércio”, analisou o pesquisador.
 

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