A pleno emprego: BH mantém a menor taxa de desemprego do país

06/08/2012 às 10:26.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:12
 (SEBRAE/Divulgação)

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A  assistente-administrativa Érica Giuliana Manoela D' Vânia Castro Perdigão não sabe ao certo se a economia brasileira vai se recuperar no segundo semestre, mas já comemora o fato de ter trocado de emprego. Deixa o cargo de recepcionista numa agência de comunicação e começa em uma empresa de maior porte e com mais chances de crescimento. Melhor ainda: dentro de sua área de atuação. No Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região (Sindimetal), a expectativa também é boa. "Até o final do ano as empresas retomam 100% da produção, que hoje está em torno de 85%%, 90%", calcula o presidente Geraldo Valgas.

Os dois vivenciam, no dia-a-dia, duas constatações apenas sinalizadas pelas pesquisas e estatísticas oficiais: a Região Metropolitana de Belo Horizonte mantém a menor taxa de desemprego, entre as sete regiões pesquisadas em todo o Brasil e a economia já emite alguns sinais que indicam
recuperação, após uma leve estagnação. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada mensalmente pela Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego,
Fundação João Pinheiro, Dieese e Fundação Seade, em junho, a taxa de desemprego total na RMBH foi de 4,8% da População Economicamente Ativa (PEA). A taxa anterior era de 5% e já a menor pelo 12º mês entre as sete Regiões Metropolitanas avaliadas.

A assistente-administrativa Érica Perdigão diz que foi indicada para um novo emprego por uma amiga que passou pelo mesmo processo de seleção, mas optou por outra empresa. "Sempre nesta época do ano as coisas acontecem", diz. Ela conta que ficou apenas quatro meses como recepcionista no emprego anterior e que a troca já vai lhe proporcionar um salário maior, além das possibilidades de crescimento.

De fato, segundo a PED, "houve aumento da População Economicamente Ativa (PEA) em 7 mil trabalhadores (0,3%) e também acréscimo de 11 mil (0,5%) ocupados, resultando na redução de 4 mil desempregados (3,3%) na RMBH."

União Europeia
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Contagem, Geraldo Valgas, desde maio o setor já começou a reverter o susto com a crise nos países da União Europeia. Segundo ele, fruto das políticas públicas estaduais, com investimentos na formação de mão de obra, quanto nas medidas tomadas pelo Governo Federal, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a desoneração na folha de pagamento. "Em agosto sempre há um reaquecimento. Isso já é de praxe", argumenta.

Quando computados os dados de todo o Estado - a PED só coleta dados na RMBH - chama a atenção o peso da agricultura na geração de empregos. E o café, outrora principal produto de exportação mineiro, mostra sua força. Segundo dados do Caged, dos pouco mais de 20 mil postos
de trabalho gerados pela atividade agropecuária, 17.388 devem-se à colheita do produto, com destaque para as cidades do Sul de Minas. Tanto que de acordo com as estatísticas de maio do Caged, logo após Belo Horizonte, surge a cidade de Três Pontas que registrou um crescimento de 9,46% no período.

Outros dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego também chamam a atenção. Em junho, a PED apontou que, em relação ao sexo, na comparação anual, houve  redução de 33,3% na taxa de desemprego entre os homens, que está em 4,3%. Entre as mulheres, essa variação chegou a 41,5%, ficando a taxa em 5,5%. Em relação à cor de pele, houve queda de 38,6% no desemprego entre os
negros, que está em 5,1%, e de 40% entre os não-negros, que chegou a 4,2%. Já entre os chefes de família, o desemprego na RMBH está em 3,2%, uma queda de 17,7% em relação a junho de 2011. Ainda
segundo a PED, o tempo médio, apurado no mês de junho, de procura por trabalho despendido pelos desempregados foi de 26 semanas, uma a mais em relação ao mês anterior.

Apesar de uma leve estagnação apontada por outros agentes econômicos, os números em todo o Brasil sinalizam recuperação; Comparando com desempenhos anteriores, de acordo com dados do Caged, a indústria segue uma tendência de alta, com 552 postos de trabalho criados a mais que em maio (37,9% de evolução), e 887 em comparação com o junho de 2011 (um expressivo crescimento de 79,2%). Também o setor de agropecuária cresceu em 10.636 postos de trabalho no último mês (52,2%), e 3.086 em comparação com o ano anterior (11%). Em Minas, o Governo do Estado tem investido pesado na qualificação de mão de obra. O objetivo é melhorar o nível dos profissionais e justamente em áreas específicas para as quais Minas apresenta vocação histórica e que possam servir como atrativo na hora de as empresas escolherem onde direcionar seus investimentos. O fato de ter um trabalhador de reconhecida competência e capacitação pesa no momento em que gigantescas corporações vão definir onde instalar suas plantas e estruturas nos próximos anos.


Uma das medidas foi o aumento das unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine). Ao todo já são 135 unidades em todo o Estado. Além da intermedição de mão de obra, que beneficia empresas e trabalhadores, as unidades do Sine também emitem a Carteira de Trabalho e Previdência Social e encaminham o requerimento do seguro-desemprego ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para que o município possa receber uma unidade do Sine, é preciso seguir alguns critérios estabelecidos pelo MTE, como ter uma População Economicamente Ativa (PEA) acima de 10 mil habitantes.

Do outro lado do balcão, o empreendedor Luiz Eduardo Roscoe tem de negociar bem quando o assunto é contratação de mão de obra. Responsável por uma empresa de criação e desenvolvimento de sites, Roscoe já perdeu profissionais por conta de uma característica marcante deste novo mercado de tecnologia: a altíssima rotatividade. "As pessoas começam a trabalhar de carteira assinada e depois trocam por um serviço ou tarefa como freelancer que lhes paga duas, até três vezes mais", informa
o empreendedor.

Como também não há muita exigência de educação formal, o mercado é muito dinâmico, o que pode levar às dificuldades de mensuração, pois a informalidade ainda é muito alta. "O nosso mercado valoriza o talento e a experiência, não a formação. Por isso, temos profissionais cujo nome é a própria marca. E eles não se prendem nem se formalizam. Por isso não dá para dizer se a atividade está aquecida ou emprega muita gente. Mas tudo indica que sim", estima Luiz Roscoe.

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