Alimentos saudáveis engordam os lucros

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
07/09/2014 às 08:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:06
 (Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

O brasileiro está com mais apetite por comida saudável. E para saciar essa fome natureba, tem se mostra do disposto a aumentar a conta do supermercado e da feira. Pesquisa recente da Nielsen HomeScan na América Latina, que avaliou o crescimento do consumo de alimentos e bebidas considerados saudáveis ou com algum benefício funcional, como produtos diet, light, orgânicos, integrais, sem glúten, entre outros, aponta para um crescimento de 9,3% no Brasil em 2013 na comparação com o ano anterior.    Alimentado pela crescente preocupação com o bem estar, o fenômeno ajuda a engordar o caixa de empresas do setor e inspira a abertura de novos negócios, como o serviço de entrega de kits de refeições saudáveis, ao gosto do freguês.    Com o cardápio verde ampliado, o segmento de comida saudável já representa 22% dos gastos totais dos brasileiros com alimentos e bebidas. Ainda de acordo com a consultoria internacional, a fatia dos alimentos saudáveis junto à classe A sobe para 33% dos gastos.    Leve e balanceado   A chef de cozinha Anamaria Fonseca é exemplo de empreendedorismo no segmento. Ela abriu em fevereiro deste ano a Detox At Home. “Com os índices alarmantes de casos de câncer, pressão alta e aumento de peso da população, cresceu a preocupação não só com o corpo, mas principalmente com a saúde”, diz Anamaria, que antes de virar dona do próprio negócio trabalhou na gastronomia por oito anos, inclusive em um spa.   Composto por sete refeições leves, frescas e balanceadas, onde congelado ou micro-ondas não tem vez, o kit preparado por ela e uma ajudante custa R$ 195, e é entregue no dia, em casa ou no trabalho do cliente. O recomendável é que a dieta seja seguida entre cinco e 10 dias. De segunda a sexta, o programa completo sai a R$ 975. “Não é caro. Se você for a um bom bistrô, pedir entrada, prato principal, sobremesa e algo para beber, pagará quase o equivalente a um dia inteiro de refeições nutritivas e equilibradas”, justifica.    Em poucos meses, com a ajuda da internet e a propaganda boca a boca, a empresária passou a atender até oito pessoas por dia. “Só uso azeite frio, óleo de coco, sal grosso ou negro. E proteína animal somente salmão, linguado ou badejo. O objetivo é aliar ingredientes saudáveis à praticidade”, comenta a chef.   A receita para o sucesso é similar na Healthy Box, da empresária Bárbara Araújo Resende. Formada em administração e adepta da alimentação natural, ela defende que é viável manter uma vida saudável em meio à correria do dia a dia. Através de um serviço de assinatura online, são entregues em todo o Brasil kits com alimentos aprovados por um profissional de nutrição, levando até o consumidor diversidade nutritiva e funcional.    O processo para recebimento é simples: cadastro no site da empresa, assinatura no programa por R$ 49,90 mensais e recebimento do kit no endereço desejado. Cada mês a cesta tem um tema, mas geralmente é composta por sete itens, entre massas integrais, chá, sucos verde e produtos em glúten.    Em um ano, a empresa, que tem cinco funcionários, conquistou 550 assinantes. “Enviamos kits para toda Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Ceará”, diz.   Mais produtos naturais e funcionais nas gôndolas   Para fisgar os clientes da geração saúde pelo estômago, supermercados têm ampliado o mix de produtos naturais, orgânicos e funcionais. A onda é investir em mercadorias que, até então, só eram comuns em lojas especializadas. Na rede Super Nosso, a quantidade de alimentos classificados como saudáveis subiu de 580 itens em 2012, para 658 no ano passado. Neste ano, eles já são 695. Juntos, engordaram o faturamento em 3%, em média, ao ano.    Segundo a diretora de marketing da rede, Rafaela Nejm, a expansão dos saudáveis na gôndola foi motivada por um aumento de 35% nas vendas do segmento em 2013. “Identificamos um crescimento na procura por produtos indicados por nutricionistas, médicos e até mesmo blogueiros. A partir daí, decidimos investir na diversificação do mix, não só para fomentar as vendas, mas para que os clientes pudessem fazer todas as suas compras no supermercado, sem fazer novas paradas outras lojas”, afirma. Nas prateleiras dos 16 supermercados do grupo, já são mais de 130 itens sem glúten, o novo vilão do cardápio.   No Extra, a Taeq, marca exclusiva do Grupo Pão de Açúcar para o segmento de produtos saudáveis, tem ganhado mais destaque nas gôndolas. Recentemente, a linha de barra de frutas e frutas desidratadas ganhou reforços. E em outubro, serão lançados iogurtes funcionais. A procura por orgânicos também vem crescendo, mês após mês.    Para o superintendente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, há uma cruzada mundial pela saúde. “Quem entender a nova demanda e surpreender o cliente vai ampliar o faturamento. Caso contrário, pagará caro com retração nas vendas”, afirmou.

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