Cemig reduz repasse de dividendos a acionistas

Bruno Porto - Hoje em Dia
12/05/2015 às 06:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:59

A decisão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) de reduzir ao percentual mínimo exigido por lei – 25% do lucro líquido – o pagamento de dividendos aos acionistas tem efeito negativo no bolso dos detentores de ações, porém viés positivo para a imagem da administração da empresa, segundo especialistas e analistas do setor de energia.

A mudança é vista como temporária e uma forma de se proteger de ambientes econômicos e setoriais adversos.

Para os investidores que confiaram no estatuto da companhia, e no recebimento de dividendos mais gordos, a via judicial pode ser uma opção.

Por força estatutária, a Cemig distribuía 50% de seu lucro líquido na forma de dividendos. Em comunicado ao mercado no último dia 5, a empresa informou que o pagamento de 50% não seria compatível com a realidade financeira da companhia, que registrou resultado positivo de R$ 3,1 bilhões em 2014.

A companhia informou que os 25% do lucro não repassados vão para a conta de Reserva de Dividendos Obrigatórios não distribuídos e serão pagos “assim que a situação financeira permitir”.

Estratégia

“A Cemig tem receio de como pode ficar a captação externa de recursos, uma vez que há risco de o Brasil ter seu rating rebaixado, e isso tem influência. Por esse lado, a diretoria foi prudente ao tomar a decisão”, afirmou o presidente do Instituto Mineiro do Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza.

Ele entende, porém, que o impacto para os investidores da empresa é significativo e que a decisão pode mudar o perfil do comprador de ações da estatal.

“Há investidores que usam o dividendo como renda na aposentadoria. Também há fundos de investimento que montam carteiras confiando nesse dividendo também. Como 50% do lucro estão previstos no estatuto e a Cemig sempre bateu no peito para dizer que isso não mudaria, acabou pegando de surpresa o investidor. Acredito que a empresa será acionada na Justiça”, disse Paulo Ângelo.

A decisão foi aprovada pelo Conselho de Administração da Cemig e definiu que, do lucro líquido do exercício de 2014, de R$3,136 bilhões, serão destinados R$797,3 milhões para pagamento de dividendos, correspondentes a 25% do lucro do exercício.

“O pagamento dos dividendos previstos no Estatuto Social, de 50% do lucro do exercício, não seriam compatíveis com a atual situação financeira da companhia, em função, principalmente, do baixo nível dos reservatórios de energia elétrica, o que pode ocasionar uma redução significativa na energia disponível para venda pelas usinas hidrelétricas da companhia, com efeitos sobre as receitas e o caixa”, informa o comunicado.

Para o analista da Elite Corretora Alexandre de Macedo Marques Filho, a decisão mostrou postura profissional da administração da empresa que, antes da posse do novo governo em janeiro, conviveu com especulações de que haveria uso político da estatal.

 “O corte nos dividendos revela preocupação com a empresa. O reforço de caixa nesse período é margem de manobra” Alexandre de Macedo Marques Filho - Analista da Elite Corretora
 

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