As cidades com dez maiores rendas per capita de Minas Gerais apresentam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) incompatível com a riqueza gerada por habitante. O fenômeno se repete no ranking nacional do Produto Interno Bruto (PIB) - bens e serviços produzidos - per capita dos municípios, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O município de São Francisco do Conde, na Bahia, tem o maior PIB per capita do país, de R$ 296.885, graças à presença da refinaria Landulpho Alves, da Petrobras. O IDH, no entanto, deixa a cidade em 2.743º lugar no ranking dos municípios brasileiros.

Em Minas Gerais, o maior PIB per capita é o de Confins, na região Metropolitana de Belo Horizonte. Devido ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, Confins tem o quarto maior PIB per capita do Brasil, de R$ 239.774. Apesar disso, a cidade ocupa a 1.233ª posição no ranking do último IDH municipal.

“O ideal é que o PIB per capita alto fosse sinônimo de IDH municipal melhor, mas isso não acontece. Os indicadores não são relacionados”, explica a técnica da Fundação João Pinheiro (FJP), instituição responsável pelo levantamento de dados em Minas Gerais, Vera Sales Souza.

De acordo com ela, um dos motivos para o descompasso dos indicadores é que nem toda a riqueza produzida no município fica estocada no local. Pelo contrário. “Normalmente, cidades com grandes complexos industriais e pequena densidade demográfica apresentam altos PIBs per capita. Acontece que o montante gerado pela indústria vai para a matriz, ou é investido em outras prioridades que não sejam educação e saúde, que compõem o IDH”, afirma.

Na avaliação do analista do IBGE, Antônio Braz, é exatamente isso o que acontece com Confins. “Os maiores salários, provavelmente, são de pessoas que nem devem morar no município”, afirma.
 
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