Depreciação do real ante o dólar impactou IPP em setembro, diz gerente do IBGE

Idiana Tomazelli
27/10/2015 às 11:45.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:14

O avanço do dólar ante o real impulsionou os preços da indústria em setembro, afirmou nesta terça-feira (27), Alexandre Brandão, gerente do Índice de Preços ao Produtor (IPP) no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas no mês passado, a depreciação do câmbio chegou a 11%, notou o pesquisador. O IPP avançou 3,03% no período, a maior taxa da série, iniciada em janeiro de 2014.

"Em setembro, depreciação muito grande do real ante o dólar impactou o IPP. As empresas estão tendo de repassar custos, mesmo em momento não muito favorável da demanda", afirmou Brandão. O real também acumula perdas intensas ante a moeda americana no ano (48%) e em 12 meses (68%).

Segundo o pesquisador, a alta atinge desde commodities (soja e suco de laranja) e bens precificados em dólar (como aviões) até setores que não teriam muito espaço para reajustar preços na conjuntura atual. Isso porque muitas empresas contraíram dívidas em dólar ou precisam importar matérias-primas para a produção. "É uma pressão de custo, assim como a energia elétrica. Então, são vários efeitos que vão acontecendo, mesmo quando o mercado (de destino) é o brasileiro", disse.

O estímulo às exportações, diante do dólar valorizado, também acaba impactando os preços no mercado interno, como acontece no caso das carnes, explicou Brandão. "Com isso, você aumenta os preços da carne nacional", afirmou. Além disso, o Brasil é importador de adubos, que estão mais caros diante do câmbio e afetam o custo da pecuária.

Os veículos, por sua vez, não conseguem repetir esse movimento na mesma intensidade. Embora as peças estejam ficando mais caras e haja a entrada de novos modelos de automóveis, a inflação ao produtor nesta atividade avançou 1,14%, bem abaixo da média do mês de setembro. "Com certeza está aumentando menos, pouca gente está comprando carro. A contenção de demanda faz com que eles (produtores) não aumentem tanto", explicou Brandão.

Fora o câmbio, os avanços nos preços em dólar de petróleo e minério de ferro em setembro foram impulsos adicionais ao IPP, notou o pesquisador. No mês passado, a inflação da indústria extrativa avançou 12,50%.
http://www.estadao.com.br

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