Estoques baixos devem afetar exportações de café

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
09/07/2014 às 07:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:19
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

As exportações brasileiras de café alcançaram o segundo melhor resultado da história no ano-safra 2013/2014, encerrado no mês passado, e foram 9,9% superiores em volume às do ano-safra anterior. Ao todo, foram comercializadas 33,9 milhões de sacas de 60 quilos, segundo balanço divulgado nessa terça-feira (8) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Mas, se por um lado o resultado é positivo, porque consolida o país como líder mundial na produção do grão, por outro, prejudicou os estoques nacionais.

E a situação agrava-se diante das estimativas de queda na próxima safra, provocada pela seca que afetou as lavouras, no início deste ano. É que, em média, o Brasil exporta 32 milhões de sacas e consome 20 milhões, mas, de acordo com projeções da Conab, a colheita do ano que vem deverá totalizar, no máximo, 45 milhões de sacas.

“Esses números confirmam que o fornecimento será complicado. Vão faltar sete milhões de sacas, então, teremos que utilizar o nosso estoque de passagem, que será pequeno, já que exportamos mais nos últimos 12 meses”, afirma o corretor de café da corretora Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes.

Desequilíbrio

Segundo ele, a margem apertada com que o país vem trabalhando tende a ser ainda pior nos próximos anos. Com a produção e os estoques em declínio, o corretor ressalta que haverá grande dificuldade no suprimento do grão.

“Há um equilíbrio precário entre o que o Brasil produz, o que precisa ser exportado e o que é consumido aqui. Se tivermos boas chuvas no segundo semestre, estancaremos as perdas para a safra 2014/2015, mas isso não vai fazer com que apareça café para a safra seguinte. Aliás, alguns produtores já demonstram preocupação até com a formação de mudas”, diz Carvalhaes.

Isso porque, mesmo no cerrado mineiro, onde grande parte da cultura cafeeira é irrigada, o nível das represas que abastecem as lavouras está diminuindo, prejudicando a produção.

Desvalorização

Já a receita com as exportações no ano-safra 2013/2014 caiu 11,6%. Esse recuo é outro fator preocupante. Em junho do ano passado, o balanço das vendas externas foi de US$ 6,02 bilhões, enquanto no mesmo período deste ano foi de US$ 5,32 bilhões.

Na avaliação do Cecafé, o quadro de baixa continuada nos preços observado até janeiro justifica esse movimento. Em outubro do ano passado, por exemplo, a cotação do grão chegou a US$ 108,49, 60,6% a menos do que a da última segunda-feira (US$ 174,29).

“Isso significa dinheiro a menos no bolso do cafeicultor brasileiro e esse é um dado importante. Atualmente, os preços estão remunerando o produtor, mas já há quem fale que eles vão cair de novo”, afirma o corretor.

Compra foi antecipada

A alta no volume exportado, nos últimos 12 meses, é atribuída à especulação do mercado internacional, que esperava uma safra recorde em 2015. Mas, como a seca frustrou a projeção, os principais importadores anteciparam as compras, resultando no aumento do embarque do grão. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por