Exportadores mineiros temem que a desvalorização do dólar prejudique pacto comercial com o Peru

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
05/07/2016 às 07:59.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:10
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

A política de desvalorização do câmbio como estratégia para controlar a inflação atrapalhou os planos das empresas mineiras que apostavam no pacto comercial Brasil-Peru para exportar mais. Firmado em abril, o Acordo de Ampliação Econômico-Comercial entre os dois países começou a render alguns frutos, mas vem sofrendo os impactos da perda de valor do dólar frente ao real.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que, de janeiro a junho de 2016, o montante exportado por empresas mineiras para terras peruanas aumentou cerca de US$ 4,3 milhões em relação ao mesmo período de 2015. No entanto, nem mesmo representantes dos setores que possuem bons mercados no país vizinho – como automotivo, granitos, algodão e máquinas e equipamentos – acreditam que as vendas externas continuem a crescer no segundo semestre.

O vice-presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Veneroso, explica que a preocupação da equipe econômica do governo interino em controlar a inflação por meio do câmbio está minando a competitividade do setor industrial no mercado externo. 

“Só em junho tivemos queda de mais de 11% do dólar e estamos preocupados com essa moeda. Víamos uma possibilidade de mudança com o governo interino, mas a política econômica atual está se mostrando totalmente voltada para o setor financeiro”.

Caso o dólar volte a subir e a produção brasileira se torne mais interessante para o mercado internacional, o acordo Brasil-Peru pode ser grande oportunidade para o setor de máquinas e equipamentos, conforme explica Veneroso.

“O Brasil tem uma tradição exportadora e Minas ainda representa menos de 2% disso no setor de Máquinas e Equipamentos. Portanto, em ambiente de competitividade normal, nós temos condições de crescer muito”, avalia.


O Acordo de Ampliação Econômico Comercial Brasil-Peru é o maior tratado bilateral já realizado pelo país, segundo o MDIC. Ele estabelece liberalização de serviços, abertura dos mercados de compras públicas e inclui investimentos nos moldes dos Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos já assinados com outros países da América Latina e África.

Na prática, o Brasil realiza o primeiro acordo internacional de compras governamentais. Dessa forma, as licitações peruanas de bens e serviços ficam abertas para participação das empresas brasileiras e vice-versa.

“A partir de agora todos os produtos comercializados passarão a ter tarifa zerada. Isso vai facilitar muito o comércio entre os países”, explica o consultor de Assuntos Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito.

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