Febre do ‘personal’ abre mercado para 4,4 milhões profissionais no país

Raul Mariano - Hoje em Dia
02/11/2014 às 07:43.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:52
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

O atendimento individualizado, na maior parte das vezes em domicílio, cresce com a escassez de tempo e o caos no trânsito, que torna os deslocamentos ainda mais demorados. É o professor de inglês que dá aula individual em casa ou no trabalho do aluno, o personal para malhação ou a maquiadora para apurar o visual. Um excelente mercado que hoje já reúne 4,4 milhões de empreendedores individuais no país.

Dados do Portal do Empreendedor, criado pela Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), mostram que Minas Gerais tem 478.971 profissionais nessa classificação, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Com a mobilidade cada vez mais comprometida nas grandes cidades, a tendência é a de que a procura por atendimento personalizado aumente.

A professora de inglês Cecília Fernandes, por exemplo, tem uma rotina de trabalho pouco convencional para sua profissão. Em vez de lecionar para vários estudantes numa sala de aula, ela vai à casa do aluno.

Os horários de atendimento variam conforme a demanda, o que exige de Cecília um perfil que é cada vez mais comum nesse mercado: o prestador de serviço deve se adaptar à rotina do cliente, oferecendo a ele comodidade.

Cecília conta que com o passar do tempo, as próprias necessidades do aluno se transformaram, o que contribuiu para fortalecer o setor. “Antes, aulas particulares eram procuradas somente por quem trabalhava e não tinha tempo ou por quem estava com dificuldades na escola. Agora, o que mais aparece são crianças a partir dos três anos com a demanda de um curso comunicativo”, diz.

Depois de trabalhar por 12 anos em escolas de idiomas, Cecília está há um ano atuando como autônoma. Para ela, a flexibilidade de horários não é a única vantagem desse modelo de trabalho. “Ganho 100% a mais do que ganharia numa escola. Além disso, percebo que o aluno se desenvolve muito mais, e isso é gratificante”, avalia.

A mesma trilha é seguida pela maquiadora Marina Morcatti. Com um tratamento atento aos detalhes, ela procura entender o que combina mais com cada pessoa. “Primeiro, apuro que roupas a pessoa vai usar, como será o cabelo e, então, ofereço opções. Meu faturamento é 90% maior do que a média que eu receberia trabalhando em um salão normal, atendendo até cinco pessoas por dia”.
 
Contato direto facilita e permite mais atenção

A busca por atendimento exclusivo também levou o professor de treinamento personalizado Renato Domingos a atender seus alunos fora da academia de ginástica. Em determinados dias, ele acorda às 5 horas para começar o primeiro atendimento.

"A grande vantagem desse tipo de treinamento é que o aluno fica em contato direto comigo. Na academia, o instrutor não consegue atendê-lo com a mesma atenção”, avalia o professor.

Atuando desde 2010 com atendimento personalizado, Domingos explica que há nichos diferentes buscando condicionamento físico e, por isso, a tendência é a de que a procura cresça. “Há uma febre dos grupos de corrida crescendo há alguns anos e gente de todos os perfis buscando cuidar do físico. Consigo faturar até 70% a mais do que se eu trabalhasse em uma academia”, destaca.

A massoterapeuta Sandra Fernandes também viu sua vida mudar há 3 anos, quando concluiu o curso profissionalizante e se deparou com um mercado aberto para o segmento. Atendendo em domicílio, ela vive com a agenda cheia.

“Tenho uma média de 30 clientes atualmente. Além disso, trabalho com horário flexível, e não tenho custos com material e aluguel, como acontece em um salão”, argumenta.

A rotina não é moleza. Sandra chega a atender até cinco clientes por dia, mas garante que o ritmo acelerado vale a pena. “O rendimento é de até 90% maior do que o que eu ganharia em uma clínica ou salão. Os gastos são pequenos, com alguns cremes específicos. É algo realmente muito personalizado”, explica.

Frutos da experiência

Os 16 anos de trabalho em agências de turismo deram à personal travel Gaby Borges a possibilidade de oferecer aos clientes um serviço mais completo e confiável. Depois de enxergar os pontos positivos e negativos do mercado, ela resolveu fazer diferente e oferecer um atendimento classificado por ela como “mais humanizado”.

“Meu foco principal são os intercâmbios para estudantes. Chego a trabalhar com até 40 alunos ao mesmo tempo. Cuido de todas as etapas da viagem, desde o embarque à matrícula do estudante na instituição de ensino”, explica Gaby.

O mesmo senso de oportunidade foi o que guiou a nutricionista Isabela Damasceno a buscar soluções para os clientes na casa de cada um deles. Depois de diagnosticar as ações necessárias, ela cria um plano alimentar baseado nas necessidades da pessoa.

“Se for preciso, posso até mesmo acompanhar a pessoa no supermercado, dar dicas de receitas para uma nova dieta e, inclusive, ajudá-la a cozinhar. O retorno financeiro pode ser até 50% maior do que o de um consultório”.

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