Franquias do interior dão novo fôlego à atividade em Minas Gerais

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
03/03/2014 às 08:07.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:24
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

O perfil do setor de franquias está mudando em Minas. E os responsáveis são diversos pequenos negócios nascidos em cidades do interior e que estão crescendo vigorosamente.

O sistema de vendas ou prestação de serviços baseado na replicação de um negócio bem sucedido, introduzido em Minas por multinacionais e depois seguido por empresas de Belo Horizonte, está ganhando novo fôlego nas iniciativas criativas e bem estruturadas de empreendedores do interior. É o caso da Telu Congelados Diferentes, que nasceu em Volta Grande, na Zona da Mata, em 1987. A empresa foi fundada por Ana Tereza Alvim e Ludmila Reis, sócias na época. Dos fundos da casa de Ludmila, saíam refeições congeladas para serem vendidas para todo o comércio da cidade. Em pouco tempo, a comida saborosa rompeu as fronteiras do município de 5.500 habitantes e foi levada ao Rio de Janeiro, a 200 quilômetros dali, por pessoas que moravam no litoral, mas passavam os finais de semana na cidade mineira.

O boca a boca turbinou os negócios e, para atender à crescente demanda, foi necessário montar uma fábrica na cidade. Alguns anos depois, a empresa foi assumida por Rafael Alvim, atual diretor-geral da empresa e filho de Ana Tereza, que havia se formado em administração em Juiz de Fora.
“Sempre vi no negócio um diferencial inovador. Recusei algumas propostas de emprego e voltei para casa com o objetivo de fazer com que a Telu deslanchasse”, afirma.

Estruturação

Além de reorganizar o negócio, Alvim decidiu estruturar um projeto para franquear a empresa. Foi um ano inteiro dedicado à proposta, até que ela saiu do papel. Em abril de 2010, foi inaugurada a primeira unidade franqueada no Rio de Janeiro, onde hoje funcionam cinco lojas da Telu Congelados Diferentes.

Além do Rio, a empresa possui franquias em Niterói (RJ), Vitória (ES), Manaus (AM), Brasília (DF) e Piracicaba (SP).
Belo Horizonte, logicamente, também possui uma loja da franquia mineira, na rua Lavras, em frente ao Pátio Savassi. O empresário planeja que sejam abertas, em breve, outras três ou quatro lojas em São Paulo e outra em Cuiabá (GO).

O segredo do sucesso, segundo Alvim, é, em primeiro lugar, um bom planejamento. “Antes de abrir lojas em novos mercados, colocamos toda a casa em ordem. Depois, colocamos no papel tudo o que seria feito e seguimos à risca”, diz. Atendimento é outro diferencial. “Meu irmão, que é diretor de operações da Telu, ficou à frente de uma de nossas lojas no início. Em três meses ele triplicou as vendas, comprovando a importância do contato com o cliente”, afirma.

O investimento necessário para se tornar um franqueado da Telu, que é destinada às classes A, B e C, é de R$ 85 mil, e o negócio se paga em até 36 meses. Nesse montante estão incluídos os R$ 35 mil da taxa de franquia e os R$ 50 mil necessários para a adaptação do ponto comercial. O faturamento mensal gira em torno de R$ 25 mil e o lucro é de aproximadamente 20% ao mês.
O cardápio oferece mais de 100 variedades de pratos e cerca de 1 mil combinações. “Para atrair públicos novos, a cada três meses lançamos uma linha diferente. Hoje, temos a opção boteco. Em breve, lançaremos pizzas”, adianta.
 
Uma porção de quibe assado de 250 gramas custa R$ 14,90. Um prato de 500g de bife ao molho madeira, batata ao molho de ervas e arroz à piemontesa sai por R$ 18,90. Na linha light, 300g de salmão ao molho de ervas, acompanhados de legumes à Juliene e arroz integral custam R$ 29,90.
 
Franchising Fair marcada para maio
 
Belo Horizonte recebe, entre 16 a 18 de maio, no Expominas, a Feira Nacional de Franquias (Frachising Fair). Em uma área de 6 mil m², a feira pretende reunir 100 expositores e mais de 10 mil pessoas, entre empreendedores, investidores e interessados em entrar para o mundo das franquias.

A estimativa dos organizadores é a de que os negócios fechados superem a marca de R$ 40 milhões. No evento, também serão realizadas palestras sobre o setor. A feira conta com o apoio da Associação Brasileira de Franchising (ABF), do Grupo Multi e do governo de Minas Gerais.

Estruturação do negócio exige dedicação e planejamento
 
A Viva Eventos nasceu no interior de Minas e é outro exemplo de franquia que ultrapassou as fronteiras do Estado. A empresa, especializada em cerimonial de eventos, como formaturas e casamentos, foi criada em 2007. Hoje, tem no currículo mais de 650 formaturas e franquias em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Juiz de Fora, Ipatinga, Itaperuna, Lavras e Volta Redonda. Segundo um dos sócios, Renato Menezes Filgueiras, a Viva é a única franquia do ramo do país.
Para chegar ao patamar atual, ele conta que ficou um ano por conta do desenvolvimento do projeto. Entre os diferenciais do negócio estão a gestão de eventos via software e um centro de treinamento próprio.

“Treinamos o franqueado na nossa loja própria, em Juiz de Fora”, diz Filgueiras.
Para entrar no negócio, é necessário desembolsar R$ 150 mil. Destes, R$ 30 mil é de taxa de franquia, R$ 70 mil para obras e mobiliário e R$ 50 mil de capital de giro. O faturamento mensal gira em torno de R$ 40 mil e o retorno do aporte é estimado em cerca de 24 meses. A margem de lucro mensal não foi informada.

No mesmo caminho segue a cafeteria Vozzuca, que nasceu em 2005 em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A empresa, segundo o proprietário João Luiz Maia, possui três franquias na mesma cidade, mas pretende expandir os horizontes em breve. “Deixamos as unidades próximas porque, assim, é mais fácil controlar e acompanhar melhor os resultados”, afirma Maia.

Apoio do Sebrae

Ambas as empresas participaram do programa Minas Franquia, elaborado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), que dá apoio aos empresário interessados em franquear o próprio negócio.

De acordo com a analista da Unidade de Acesso ao Mercado e Relacionamento Internacional da entidade, Alessandra Ribeiro Simões, para que uma empresa se torne uma franquia é necessário, em primeiro lugar, que ela seja estruturada.

“Na franquia, o empresário vende um modelo do negócio. Por isso, é esperado que ele saiba tudo sobre aquele mercado. Além disso, ele deve ser capaz de dar assessoria ao franqueado, sobre ponto de venda, atendimento, entre outros”, comenta a analista.
 
Alessandra alerta que risco sempre existe, independentemente do modelo de negócio já ter sido testado. Por isso, para que haja sucesso, é necessário que o franqueado se dedique ao máximo à empresa. Há casos, aliás, em que o franqueador exige dedicação exclusiva à loja.
O sócio-diretor da Praxis Business Consultoria Especializada em Canais para Expansão de Negócios, Leonardo Marchi, alerta para a afinidade entre o candidato a franqueado e o negócio.

“Se a pessoa não for 100% afinada com o setor, não vai dar certo. Operar uma franquia de moda é completamente diferente de trabalhar com uma franquia de alimentação ou do ramo de educação, por exemplo”, diz.

Por fim, ele lembra que o lucro da franquia deve ser levado em consideração. “Normalmente, ganha muito dinheiro quem tem muitas franquias.Mas, começar por uma já é um bom negócio”, diz.
 
Sebrae oferece programa de apoio
 

Estão abertas inscrições para o Minas Franquia, do Sebrae Minas. O programa é o único do país voltado para pequenas empresas interessadas em franquear o negócio próprio. O projeto oferece ao empresário cerca de 200 horas de consultoria e treinamento para a estruturação de processos e documentos. Nos últimos dois anos, o Sebrae Minas já capacitou 31 pequenas franqueadoras em Minas Gerais. Destas, quatro já venderam 16 franquias, totalizando um volume de negócios próximo de R$ 3 milhões. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 5 de março, pelo telefone (31) 3379-9359 ou e-mail alessandras@sebraemg.com.br.

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