Os cortes de até R$ 80 bilhões no orçamento da União, que devem ser anunciados nesta sexta-feira (22) pela presidente Dilma Rousseff, podem adiar ainda mais o início de importantes projetos de infraestrutura para Minas Gerais.

Na avaliação de parlamentares e economistas, obras como a duplicação da BR-381, a construção do Rodoanel e a expansão do metrô de Belo Horizonte devem ser postergadas mais uma vez. O consenso é que o contingenciamento – nome técnico dado ao corte orçamentário – é necessário para reequilibrar as contas públicas.

O economista e professor do Ibmec Felipe Leroy explica que, com a medida, vai ser mais difícil diminuir os gargalos estruturais do país, uma vez que grandes investimentos em infraestrutura devem ser postergados.

“O ajuste fiscal precisa ser feito porque, caso contrário, a situação futura pode ser ainda pior. Mas isso vai impactar a capacidade de pagamento das famílias e espera-se um quadro altamente recessivo”, aponta, lembrando que obras de grande porte serão adiadas porque dependem de recursos do orçamento.

Paralisia

A presidente Dilma garantiu que o país não ficará paralisado. “O ajuste não será tão grande que não seja necessário, nem tão pequeno que não seja efetivo, que não provoque nada. Ele tem de ser absolutamente adequado”.

Divergências

A aposta do governo federal para realização do ajuste fiscal é questionada pela oposição. Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (21) em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB) criticou o anúncio das medidas de contingenciamento.

“Para qualquer tipo de ajuste ou de esforço coletivo é preciso que aquele que conduz o país dê o exemplo. E o governo não dá nem um exemplo. É preciso que haja confiança e esse governo não inspira qualquer confiança porque lesou os brasileiros, mentiu aos brasileiros, fraudou dados”, afirmou o senador.

Na avaliação do deputado federal Gabriel Guimarães (PT), os cortes serão adequados ao momento e não visam privilegiar o governo federal, mas preparar o país para a retomada do crescimento.

“Não há a menor chance de que as obras de infraestrutura que já foram iniciados, como a revitalização na BR-381, sejam paralisadas. Os projetos para os quais o governo não tiver verba poderão ser realizados por meio de parcerias com o setor privado. Cada solução será adequada ao momento atual. Tenho certeza de que conseguiremos passar por essa situação realizando tais ajustes”, finalizou.

A atividade econômica brasileira registrou este ano o pior primeiro trimestre desde 2009. De acordo com o Índice de Atividade Econômica do BC, no primeiro trimestre do ano houve retração de 1,98% frente ao mesmo período de 2014

Compartilhar