Gustavo Greco: o mineiro domador de leões, em Cannes

Hoje em Dia
24/06/2013 às 07:05.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:24

A Greco Design conquista pelo 2º ano consecutivo um leão no Cannes Lions. Em 2012, foi bronze e, este ano, o leão veio em prata, com a criação da identidade visual da IV Bienal Brasileira de Design.

No início de 2013, a empresa teve seu diretor de criação e fundador, Gustavo Greco, convidado para compor o júri de Cannes e foi o primeiro mineiro a ocupar tal posição. Nesta entrevista, o diretor da Greco Design e diretor da Abedesign em Minas Gerais fala sobre sua experiência como jurado e a emoção de conquistar seu 2º leão na carreira.

Como avalia a experiência de ser jurado e ver todos os projetos inscritos de perto?

A experiência é intensa. Sete dias de trabalho pesado, muitos deles acabando tarde da noite. Você vê e revê os projetos, individualmente nos primeiros três dias, e os discute em grupo nos demais. O desafio é manter o ritmo e os critérios ao longo da jornada, sem deixar que o cansaço interfira nas suas decisões. A convivência com o grupo, o desconforto de um debate técnico em outra língua e o clima da competição fazem o trabalho ainda mais desafiante.

Foram mais de três mil trabalhos advindos de todo o mundo. É preciso fazer um exercício constante de se colocar no lugar de pessoas de outros países que recebem aquela mensagem sob um ponto de vista cultural e repertório completamente diferentes dos seus.

Qual a sensação de fazer parte do júri do Cannes Lions e ainda trazer um leão para casa?

O convite foi uma honra: representar meu país no maior festival de criatividade do mundo. Ter a oportunidade de ver projetos incríveis e o alto nível da discussão foi um aprendizado que levarei comigo para sempre.

Ter um trabalho inscrito no processo em que você participa do julgamento é angustiante. O festival é severo quanto às regras. Em qualquer momento que seu trabalho aparece no julgamento, você é obrigado a sair da sala. Os minutos que você fica esperando lá fora parecem não ter fim. Qualquer decisão sobre qualquer trabalho deve ser tomada com anuência de pelo menos 12 dos 19 jurados do corpo do júri. Portanto, se ilude quem pensa que estar no júri facilita as coisas para você. Muito pelo contrário, pode até atrapalhar.

Ao mesmo tempo, a sensação de voltar para a sala depois de aguardar a decisão final e saber que você ganhou um leão de prata é indescritível. Ver aqueles profissionais de altíssimo nível vindos do mundo inteiro dizendo que você mereceu um leão é demais!

Quais atributos você considera essenciais para conquistar um prêmio no maior festival de criatividade do mundo?

Cannes é um festival que considera como base quatro critérios: originalidade, criatividade, execução e interação com a audiência. Trabalhos bem feitos, contemplando os fundamentos do design são obrigação. O que vale aqui é o que vai além disso. É como se estivéssemos sempre nos perguntando ao julgar um trabalho: como este projeto muda a vida de quem interage com ele. Se a resposta for boa, ele é um bom candidato.

Você acredita que a sua experiência no ano passado com a conquista do leão de bronze foi fundamental para se superar com o leão de prata?

Leões de prata são mais difíceis de serem conquistados. Acho que a experiência do ano passado me fez entender mais sobre a prancha e vídeo para inscrição. Como o volume de trabalho é muito, sua inscrição tem pouco tempo para dizer para que veio. Objetividade e algo que faça com o que o jurado gaste um pouco mais de tempo com aquele projeto são fundamentais.

E para o ano que vem? Quais as suas expectativas? Trabalhar para trazer o ouro ou o Grand Prix?

Risos. Acho que a vida não é assim tão linear. Mas que assim seja!

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