Inflação puxada por alimentos, energia e transporte é a maior em 12 anos

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
09/01/2016 às 07:58.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:57
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

O dragão botou as asas pra fora em 2015 e fez a inflação ultrapassar a casa dos 10% na média do país, o maior índice desde 2002, segundo o IBGE. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a escalada atingiu 9,22%, o nível mais alto nos últimos 12 anos.

Com as labaredas do monstro queimando os salários e elevando os preços em todos os lugares, de casa até o supermercado ou posto de gasolina, o consumidor teve que reaprender a fazer malabarismos. Pesquisar, substituir um produto por outro mais barato e economizar são algumas estratégias adotadas na tentativa de proteger o bolso.

“O problema é que nem sempre é possível driblar a alta dos preços. No caso da energia elétrica, por exemplo, a pessoa pode até adotar hábitos como ficar menos tempo no chuveiro ou diminuir o uso do ferro. Mas mesmo assim não tem como escapar da alta da conta de luz, que subiu quase 42% no período de um ano”, diz o analista do IBGE em Belo Horizonte, Antonio Braz.

Outro item que pesou demais no orçamento foi o transporte, não só combustível, mas também a tarifa de ônibus.

“A gasolina subiu assustadoramente. Tem posto que já vende o litro por quase R$ 4. Antes, gastava R$ entre R$ 130 e R$ 140 para encher o tanque. Hoje, é preciso R$ 200. É muito dinheiro”, reclama o aposentado Antônio Eustáquio.

A inflação também chegou à mesa, salgando o feijão (alta de 27,3% em 2015), legumes (33%) e até itens usados no preparo dos temperos, como alho (49,7%) e cebola (67%).

Com aumento de quase 40% em 12 meses, o tomate segue como vilão, impondo uma mudança na salada. “Quando vejo que o preço está exorbitante, não levo. Troco por repolho, pepino ou outro produto mais em conta para acompanhar a alface”, diz a dona de casa Edna Ramalho.

Mudança de hábito

Pesquisa da Associação Mineira dos Supermercados (Amis) constatou a mudança de comportamento e no carrinho.

O levantamento, feito em outubro de 2015, em parceria com o Instituto Gênese, mostrou que 35% dos consumidores diminuíram as compras nos últimos três meses sob a justificativa de fazer economia. E com o aperto financeiro, preço passou a ser fator determinante para 33% dos entrevistados.

“A alimentação vem pressionando a inflação há muito tempo. No lar ou fora do domicílio, comidas e bebidas subiram cerca de 10%, exigindo uma ginástica dos consumidores”, diz o analista do IBGE.

Para Antonio Braz, há razões para as pessoas estarem assustadas com a força do dragão. “Os índices inflacionários são os mais altos desde 2002 e 2003, quando houve a transição do governo do ex-presidente Fernando Henrique para o governo do Lula, que inclusive escreveu uma carta aos brasileiros para tentar acalmar o mercado na época”, relembra. E o alívio no bolso não tem prazo pra acontecer. “Em janeiro, com mais um aumento na passagem de ônibus, o belo-horizontino terá novamente uma inflação alta”, diz.

Para 2016, entretanto, é esperado que os preços cedam um pouco. “Ainda assim, de acordo com o boletim Focus, a inflação deve fechar acima do teto da meta do governo federal, de 6,5%”, afirma.
 

 

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