O diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário do Ministério da Fazenda Yoshiaki Nakano disse que o Brasil precisa dar garantias de estabilidade do câmbio no longo prazo para estimular o empresário a investir. De acordo com ele, para que isso aconteça é necessário que os juros internos estejam no mesmo nível das taxas do exterior para evitar maiores variações da moeda. "Não existe nenhuma garantia ao empresário de manutenção do câmbio em um mesmo patamar no longo prazo", afirmou, após palestra no seminário "Infraestrutura: os Impactos na Economia", realizada na capital paulista.
De acordo com Nakano, outros países possuem taxas de câmbio mais estáveis porque têm políticas de regras "claras e adequadas" que inibem variações profundas de suas moedas. Uma dessas políticas, disse, é manter a taxa de juros compatível com o que é verificado no mercado internacional. Mesmo com a redução da taxa Selic verificada nos últimos meses no Brasil, que atingiu o nível recorde de baixa, os juros no País ainda são superiores aos observados na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo.
"Se tivermos uma taxa de juros interna no mesmo nível da externa, o movimento de capital não afeta a taxa de câmbio. O que afeta a taxa de câmbio são as importações e as exportações, mas isso tende a se equilibrar", explicou. "Esse é o ponto de partida para a retomada de investimentos."
Nakano destacou o aumento de custos do setor produtivo brasileiro e disse que o empresário está "desanimado" para investir. "O lucro dele desapareceu, o câmbio se apreciou e o empresário não pode repassar o aumento de custos por causa da concorrência internacional", afirmou, citando uma alta de cerca de 150% dos salários brasileiros, medidos em dólar, nos últimos anos.
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