IPCA atinge 9,93% em outubro, a maior taxa acumulada dos últimos 12 anos

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
07/11/2015 às 08:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:22
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

O brasileiro está pagando mais caro para comer, beber, morar, se vestir, cuidar da saúde e abastecer o carro. Com a disparada no custo de vida, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em outubro alcançou 9,93%, a maior taxa acumulada em 12 meses nos últimos 12 anos.

Considerando-se o período de janeiro a outubro de 2015, o índice acumulado chegou a 8,52%, pior resultado desde 1996, quando estava em 8,70%.

Os dados, divulgados nessa sexta (6) pelo IBGE, mostram ainda que na Região Metropolitana Belo Horizonte (RMBH) a escalada dos preços bateu em 8,61% nos últimos 12 meses, o percentual mais alto desde 2003. No ano, o avanço foi de 7,69% e no mês, de 0,82%.

“O resultado geral do Brasil em 12 meses quase encostou nos dois dígitos, foi por um triz. Olhando individualmente os estados, cinco deles já ultrapassaram os 10% e a população está sendo mais penalizada”, disse a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

Para ela, o IPCA chegará a dois dígitos até o fim do ano. É só uma questão de tempo.

“O que ainda se espera por vir, para novembro, são altas em alguns itens monitorados, e o que mais tem impacto é o da energia elétrica. Os dois dígitos já estão muito próximos e vai depender do resultado dos dois últimos meses, que no ano passado foram muito altos. Que números serão trocados pelos do ano passado?”, afirmou.

De acordo com o IBGE, a inflação oficial já passou da casa dos 11% em Curitiba (11,52%) e Goiânia (11,19%). Em São Paulo, o IPCA chegou a 10,94%, em Porto Alegre foi de 10,49%, em Fortaleza, de 10,02%, enquanto no Rio ficou em 9,9%.

Vilões

Além da conta de luz, os combustíveis apareceram como os grandes vilões da inflação de outubro. Só no mês de outubro, ante setembro, a gasolina ficou 5,05% mais cara no país.

Considerando-se os últimos meses, os preços do combustível derivado do petróleo acumulam alta de 17,93%. Encher o tanque do carro com etanol também ficou 12,29% mais caro. Nos últimos 12 meses, o preço do litro do combustível feito à base de cana-de-açúcar subiu 16,98%.

Morador de Conselheiro Lafaiete, distante 100 quilômetros da capital, o reformado da Polícia Militar Marcelino Siqueira diz que as viagens até Belo Horizonte ficaram mais pesadas para o bolso.

“Antes eu colocava R$ 50 e dava para fazer o percurso ida e volta. Agora, gasto no mínimo R$ 80”, reclamou.

Em Belo Horizonte, no grupo Transportes, os combustíveis tiveram aumento de 6,11%. A gasolina pesou 5,93% a mais no bolso do motorista. Já o etanol acumula alta de 10,44%.

“A situação na capital mineira só não foi pior por causa da suspensão do aumento da tarifa de ônibus. Mas com a entrada do reajuste em vigor, a próxima pesquisa já irá mostrar esse impacto”, disse o analista do IBGE em Minas, Antonio Braz.

O aumento de 9,68% na passagem de ônibus, de 8 de agosto deste ano, foi revogado em 14 de setembro, por liminar, e as tarifas retornaram aos valores anteriores em 17 de setembro, vigorando até o dia 24 de outubro, quando, a partir do dia 25, o reajuste voltou a ser aplicado.
 
Desconfiança do consumidor reduz pretensão de compras

O dragão atrapalhou os planos de muita gente e afetou em cheio o humor do belo-horizontino. Desenvolvido pela Fundação Ipead, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) referente a outubro despencou para 35,24 pontos, uma queda de 3,82% ante setembro. Em 12 meses, o recuo do indicador chega a 23,04%.

O ICC é apresentado na escala de 0 a 100, em que o zero representa pessimismo total e 100 significa otimismo pleno.

Os consumidores também estão com mais medo do desemprego e da inflação. A desconfiança derrubou as pretensões de compra em quase 15% neste ano, o que deve resultar em um Natal mais modesto.

“Nas últimas datas comemorativas, como Dia das Crianças e dos Pais, o movimento do comércio foi mais fraco que no ano passado. E isso provavelmente deve se repetir no Natal”, avalia a coordenadora do Ipead, Thayse Martins.

Ainda de acordo com o levantamento, a percepção da situação financeira da família com relação ao ano passado piorou aproximadamente 18%, no último ano.

Sem perspectivas de melhora na economia e assustados com o avanço do dragão, o percentual de famílias que pretendem realizar o sonho da casa própria ficou em apenas 2,38%. E só 6,67% afirmaram a intenção em adquirir um carro. “A população está entendendo que é hora de evitar o endividamento e cortar os gastos supérfluos”, afirma Thayse.

O cobrador Jackson Almeida conta que tem feito malabarismos para não deixar o orçamento no vermelho. “Com o preço da carne, até o churrasco ficou mais magro”, brinca. Já a conta de luz está quase três vezes mais cara. Para economizar na feira, ele corre atrás de promoções. “As frutas estão caras demais. Não dá pra levar tudo o que a gente quer”, lamenta.

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