Mina de Águas Claras será recuperada, mas destinação não está definida

Bruno Porto - Hoje em Dia
16/05/2014 às 07:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:36
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

A Vale pretende concluir até o início de 2017 o fechamento da mina de Águas Claras, na região que divide Belo Horizonte e Nova Lima, atrás do paredão da Serra do Curral, tradicional cartão postal de Belo Horizonte. A mineradora vai injetar R$ 240 milhões para executar a recuperação ambiental do local que deixou de ser minerado em 2002, com utilização de técnicas pioneiras na mineração, inclusive com uso de helicópteros e alpinistas industriais.

A companhia, no entanto, ainda não definiu qual será a destinação da área, embora não descarte a implantação de um complexo imobiliário, plano que foi lançado oficialmente em 13 de junho de 2007, e abortado anos depois. A empresa também admite a possibilidade de abrir o local para visitas públicas guiadas. Na região, a Vale é proprietária de uma área de 2 mil hectares, sedo 72% de áreas verdes, incluindo a Reserva Particular de Patrimônio Nacional (RPPN) do Jambreiro.

Helicópteros

A partir desta sexta-feira (16) será possível perceber o tráfego de helicópteros no local. Ele será usado para afixar uma tela de aço de 92 mil metros quadrados, que terá função de revestir a montanha e impedir novas erosões e desprendimentos de rochas, como ocorreu em 1992, com impactos ainda visíveis.

A saída tradicional no fechamento de mina, a construção de taludes, ficou inviável porque a fachada da Serra do Curral que fica de frente para Belo Horizonte é tombada pelo Instituto do Patrimonio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e não pode sofrer alterações, o que ocorria com a utilização da técnica. Nos locais onde os taludes estão firmes, haverá revegetação.

O local onde era a cava da mina, hoje existe um lago, naturalmente preenchido com águas do lençol freático e com 160 metros de profundidade. Em cerca de três a quatro anos, ele estará com até 200 metros de profundidade.

O diretor de planejamento e desenvolvimento de ferrosos da Vale, Lúcio Cavalli, afastou qualquer possibilidade de vazamento ou aberturas de fendas no paredão da Serra do Curral. “Entre o lago e a área mais próxima de Belo Horizonte, o Parque das Mangabeiras, há um maciço rochoso de 700 a 800 metros. O local tem segurança garantida”, disse.

Complexo imobiliário teria população de até 20 mil

Quando foi lançado em solenidade na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em 2007, o complexo imobiliário na mina de Águas Claras previa equipamentos comerciais, de serviços, lazer, turismo, ensino e pesquisa, prédios de uso residencial, hotéis e um shopping a céu aberto. Estava previsto que atingiria a maturidade em cerca de 20 anos e poderia abrigar, após sua completa implementação, uma população fixa de 20 mil pessoas.

O projeto chegou a iniciar seu licenciamento ambiental e previa início das obras em 2008, mas entre outras dificuldades, o acesso ao local foi um dos fatores que dificultara a viabilização do plano. Do que estava previsto para a região, apenas a sede administrativa da Vale em Minas Gerais, que unificou vários escritórios espalhados por Belo Horizonte, se concretizou e funciona no local.

Para a área residencial, estavam previstos cerca de mil apartamentos, em prédios de quatro a cinco andares, o que totalizaria uma população residente de 4 mil a 5 mil pessoas. O projeto imobiliário seria completamente vertical, sem a construção de casas.

Público

O desejo de ambientalistas sempre foi o de abrir o local para visitas e explorar seu potencial turístico e de lazer. O lago, inclusive, pode ser usado para práticas esportivas. A Vale admite a possibilidade de visita-ção ao local, desde que com acompanhamento de guias. “Estamos na primeira fase do empreendimento, que é a recuperação ambiental. A fase seguinte, em desenvolvimento, é a destinação do local, mas não há decisão tomada. Tudo que for falado é especulação”, disse o diretor de desenvolvimento de ferrosos, Lúcio Cavalli.

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