Movimentação do câmbio traz alívio a empresas, diz BC

Ricardo Leopoldo, enviado especial
03/08/2012 às 14:51.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:07

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, admitiu de forma indireta que o câmbio no atual patamar é um alívio de curto prazo para alguns setores produtivos. Ele não fez um comentário no mesmo tom do diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, que afirmou no início de julho em entrevista exclusiva à Agência Estado que o câmbio abaixo de R$ 2,00 "pode não ser bom para a indústria".

"Não resta muita dúvida que alguns segmentos da economia brasileira sofrem uma competição mais severa do resto do mundo do que outros. Num momento em que temos excesso de capacidade ociosa, talvez a Europa seja o melhor exemplo disso", destacou Hamilton. "E isso se somava ao câmbio nominal. Mas na medida em que o câmbio nominal mexe, isso pode trazer algum alívio para esses segmentos", ponderou. "O que interessa no longo prazo é a taxa de câmbio real, que não é controlada", apontou.

A entrevista de Aldo Mendes para a AE foi um dos elementos que balizou as posições do mercado de câmbio nas últimas semanas e que fez com que a cotação saísse da marca de R$ 1,989 no dia 2 de julho, anterior aos seus comentários, para os R$ 2,040 no dia primeiro de agosto, data que o BC sancionou não rolar os contratos de swap correspondentes a um total de US$ 4,5 bilhões.

Porém, o diretor Carlos Hamilton ponderou que é temporário o alívio da variação do câmbio para alguns setores produtivos. "É uma coisa de curto prazo. Eu acredito que outras ações que estão sendo tomadas pelo governo são eficientes no médio e longo prazo", disse.

Entre as medidas oficiais ele citou a desoneração da folha de pagamento, "a discussão sobre a redução de custos de produção, com melhora de infraestrutura" e a desoneração no segmento de energia, que está sendo noticiado pela imprensa. "Isso é um ataque mais permanente à questão da competitividade", apontou, depois de apresentar nesta sexta-feira o Boletim Regional do BC, edição de julho, em Salvador.

Inflação

Hamilton enfatizou ainda que o BC se preocupa "continuamente" com a inflação, pois a instituição busca cumprir duas missões: assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e do sistema financeiro. "Não estamos nem mais nem menos preocupados com a inflação", ponderou.

Araújo manifestou certa cautela ao não tentar estabelecer um prazo para o fim dos efeitos do choque de oferta de commodities alimentícias que está ocorrendo especialmente com a seca nos EUA. "Choque de oferta tem origem de questões climáticas e temos que aguardar para ver a duração e a intensidade", citou. Esse tipo de choque é uma questão temporária e está sendo registrado nos índices de preços para o atacado.
http://www.estadao.com.br

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