Oportunidades além fronteira exigem vocação e preparo

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
30/01/2014 às 07:48.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:40
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

Sair da zona de conforto e enfrentar desafios além das fronteiras tem sido a meta de muitos brasileiros em busca de oportunidades de emprego no exterior. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), existem, hoje, cerca de quatro milhões de brasileiros trabalhando em países da Europa, nos Estados Unidos, Japão e Paraguai, principalmente.

Mas, para chegar lá, é preciso muito preparo e foco, segundo especialistas. Além de investir em um terceiro idioma – o inglês já é considerado tão obrigatório quanto a língua mãe –, os candidatos a uma vaga fora do Brasil se diferenciam pela formação acadêmica e pelas especializações e pós-graduações.
“As possibilidades são muito amplas, então, é preciso saber que tipo de carreira seguir, se vai ser na área financeira, de indústria ou serviço. O conjunto da formação será importante, nesse caso”, afirma o searching da Dasein Executive Search, Mateus Rabelo.

Flexibilidade

Atualmente, as principais oportunidades fora do país estão concentradas nos setores de construção civil e de alimentos e bebidas, conforme Rabelo.
Já a pedagoga e socióloga Leda Lu Muniz, consultora em Relações Internacionais para empresas, defende a ideia de que a seleção de profissionais se norteia mais por critérios emocionais e comportamentais do que pelo currículo.

“A avaliação é feita em grande parte pelo perfil e a profissão faz parte dele. O profissional pode ser um exímio técnico, mas, se as características de sua personalidade não tiverem os requisitos necessários para trabalhar e conviver naquele local, ele não será selecionado”, diz Leda.
 

Além de não apresentar atributos desejáveis, outro risco para os candidatos a uma vaga no exterior é a adoção de uma postura de “sabe-tudo”, dispensando a oportunidade de adquirir novos conhecimentos.

“O maior desafio é sair do conhecido, deixar a própria cultura, hábitos e atitudes e absorver a cultura do local. O que, no final, não resulta em perda, mas em enriquecimento”, afirma a consultora.

 

Alerta

E por falar em enriquecer, engana-se quem pensa que trabalhar no exterior seja sinônimo de salários graúdos. De acordo com o searching Mateus Rabelo, a mudança de endereço não vem acompanhada de remunerações melhores, necessariamente.

“Às vezes, uma pessoa já com tempo razoável de emprego recebe uma proposta de trabalho fora do Brasil, mas seu salário não sofre grandes alterações. Mas, geralmente, há benefícios como auxílio mudança, custeio de veículo e subsídios para educação dos filhos”, diz Rabelo.

Para Leda Muniz, a lista vai além do campo profissional e atende, também, ao pessoal. “A expansão da rede de contatos, convivência com outra cultura, vivência de situações de proatividade e tomada de decisões, comprometimento, fluência em outros idiomas, desenvolvimento da percepção e da capacidade de se colocar no lugar do outro e tornar-se protagonista da própria carreira e da própria vida, independentemente da empresa ou organização a que está vinculado”.

Brasileiras com atuação global e multinacionais favorecem o acesso

Atualmente, a movimentação de brasileiros em território estrangeiro é cada vez mais frequente, desde a graduação, por causa das parcerias firmadas entre as instituições de ensino daqui e vários projetos de intercâmbio lá fora.

De acordo com a pedagoga e socióloga Leda Lu Muniz, essa migração mostra que as universidades do exterior estão enxergando à frente, de olho nos profissionais brasileiros. Já por aqui, o preparo para os estudantes que miram o mercado de trabalho fora do país ainda não contempla todas as escolas. “Eu diria que 60% das nossas universidades fazem isso”.

Início

Segundo o searching da Dasein Executive Search, Mateus Rabelo, essas limitações podem ser dribladas com a dedicação. O primeiro passo para quem visa construir uma carreira internacional deve ser a busca e a prioriza-ção de organizações com atuação global e multinacionais com escritórios no Brasil.

“Mesmo que o profissional comece a trabalhar aqui, essa já será uma porta de entrada para ele alçar novos voos a longo prazo. As empresas brasileiras gostam de mandar gente daqui para levar a cultura nacional a outras partes”, afirma Rabelo.

Por fim, o searching ressalta que é importante, também, conquistar destaque “em casa” e criar laços antes de embarcar para outras empreitadas. “Assim, na hora que surgir uma oportunidade, o profissional será lembrado pela história que já tem com a organização”, diz.
 

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