Participação da terceira idade no mercado de trabalho é recorde

Bruno Porto - Hoje em Dia
27/02/2014 às 08:22.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:18
 (André Brant)

(André Brant)

A participação dos idosos na força de trabalho ocupada da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) cresce ano a ano e atingiu, em janeiro de 2014, o maior índice para o mês desde o início da série histórica, em 1996, segundo dados divulgados na última quarta-feira (26) pela Fundação João Pinheiro (FJP) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 15 anos, a presença de idosos na mão de obra ocupada quase dobrou, passando de 3% para 5,4%.

O avanço da terceira idade no mercado de trabalho está relacionado às baixas taxas de desemprego atuais, mas outros fatores também contribuem para a empregabilidade desta faixa etária.

“Há uma combinação de fatores e, obviamente, dentre elas, o emprego em alta. Mas é muito mais do que isso. As empresas perceberam que empregar idosos é um bom negócio, porque são pessoas com mais responsabilidade, disponibilidade e são produtivas”, analisa o professor de economia do Ibmec, Ari Francisco de Araújo Júnior.

Volta ao trabalho

Aos 72 anos, aposentado desde 1996, Flaviano da Silva Bastos voltou ao trabalho em agosto do ano passado em uma unidade do supermercado Mart Plus. “Não aguentei ficar parado, sempre fui trabalhador. Resolvi voltar e gosto muito do meu trabalho aqui”, diz.

Bastos mora apenas com a esposa, seus filhos estão criados, e diz que a renda extra ajuda em casa, mas que a sua motivação é se manter em atividade. “Eu gosto de trabalhar”, afirma.

A gerente de seleção e treinamento do grupo DMA, controlador do Mart Plus, Fernanda Velloso, afirma que a empresa aumentou em 20% o número de idosos na rede de supermercados do grupo, e percebe os benefícios no dia a dia. “O comprometimento com o trabalho é maior e não temos problemas de relacionamento”, afirma.

Sustento da família

O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, observa que o recuo do desemprego, aliado ao aumento da remuneração, atraiu esses trabalhadores, que muitas vezes continuam colaborando com o sustento de filhos e netos.

“O lado bom dessa história é o idoso estar trabalhando, sendo ativo. A parte lamentável é que, em muitos casos, esse retorno ao mercado de trabalho ocorre por necessidade, uma vez que o valor das aposentadorias é uma falta de respeito”, afirma.

Taxa de desemprego foi maior em janeiro

A taxa de desemprego da Região Metropolitana de Belo Horizonte ficou em 6,7% em janeiro, praticamente estável em relação aos 6,6% de dezembro de 2013. No confronto com janeiro do ano passado, porém, quando a taxa ficou em 5,6%, houve elevação de 1,1 ponto percentual do nível de desemprego

Em janeiro, 37 mil pessoas foram dispensadas na RMBH, com colaboração negativa principalmente da indústria de transformação, que reduziu o quadro de pessoal em 28 mil postos. No comércio e reparação de veículos, houve corte de 5 mil vagas e, em serviços, de10 mil.

Para Plínio Campos, coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação João Pinheiro (FJP) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os dados não configuram uma tendência de redução do emprego.

“O três primeiros meses do ano não são bons para se fazer projeções a partir deles. São épocas tradicionais de redução do emprego por diversos motivos. Além de o mercado não contratar, muitas pessoas deixam de procurar emprego nessa época, ou porque sabem da maior dificuldade, ou porque acabam viajando”, diz Campos.

A indústria da construção civil foi o único segmento a apresentar aumento do emprego em janeiro de 2014 na comparação com dezembro de 2013 na RMBH. Os dados da FJP apontam para um contingente de 206 mil pessoas empregadas no mês passado nesse setor, 7 mil a mais do que em dezembro, quando havia 199 mil.

“É um movimento atípico. Normalmente esse período é de chuva e as obras são interrompidas. No entanto, neste ano, além de seca prolongada, as obras visando a Copa precisam ficar prontas”, afirma Campos.
 

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