Planalto divide atenção entre Previdência e urgência da reforma trabalhista

Estadão Conteúdo
19/04/2017 às 19:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:11

Após o balde de água fria de terça-feira, 18, quando a Câmara dos Deputados não conseguiu aprovar o requerimento de urgência da reforma trabalhista, o governo dividiu as atenções nesta quarta-feira, 19, entre a leitura do parecer do relatório da reforma da Previdência na comissão especial e a nova tentativa de avançar na urgência do texto trabalhista.

Após a falha do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na terça-feira, o presidente Michel Temer, segundo interlocutores, ficou bastante irritado, telefonou para o deputado ainda ontem à noite e hoje articulou com alguns líderes a nova votação, que o governo quer que aconteça nesta quarta-feira. Ontem, o requerimento foi votado por 394 deputados presentes no plenário, teve o apoio de 230 parlamentares, 163 votos contra e uma abstenção. Naquele momento, mais de 430 deputados tinham registrado presença na Casa.

Segundo um auxiliar do Planalto, a sinalização de que o governo pode conseguir reverter o placar de ontem é fundamental para o próprio andamento da reforma da Previdência, considerada a mais importante por Temer. Uma fonte admitiu que, se o governo não conseguir aprovar a urgência, será uma "dupla derrota".

A expectativa neste início de noite no Planalto, apesar das confusões que acontecem na Câmara, é que a urgência seja aprovada. "Se o governo não conseguir aprovar nem o que foi em tese acordado, como é que vai conseguir levar pra frente a reforma da Previdência", disse um auxiliar, que lembrou que uma nova possibilidade de derrota pode impactar negativamente no mercado já nesta quinta-feira, 20.

Um eventual atraso na conclusão da leitura do parecer, de acordo com uma fonte, é "ruim", pois impactaria ainda mais no calendário, porém, neste momento, é mais importante que o governo mostre que a derrota de ontem pode ser superada.

Previdência

As "surpresas" que o relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), apresentou em seu relatório nesta manhã não agradaram aos integrantes do governo, que, no entanto, preferiram não externar críticas maiores, por avaliarem que ainda é preciso calcular o custo real das alterações.

Uma fonte do Planalto reconheceu, entretanto, que o discurso usado pelo governo, de que a reforma já estava precificada, está perdendo força e é possível que o mercado reaja negativamente às mudanças e fique ainda mais pessimista em relação à capacidade de o governo mobilizar a base aliada para concluir a reforma - na Câmara e no Senado - ainda no primeiro semestre.

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