(AFP)
A China começou 2016 provando mais uma vez que é um dos países mais influentes na economia mundial. Na madrugada dessa segunda (4), depois do anúncio de recuo da atividade industrial chinesa pelo décimo mês consecutivo, as bolsas de Xangai e Shenzhen caíram 7%. Pela primeira vez as operações foram suspensas e o reflexo imediato foi a disparada do dólar que fechou o dia em R$ 4,03. A Bovespa também despencou.
Para o Brasil, as previsões para o quadro econômico se tornam ainda piores uma vez que as demandas externas são importantes para retomada do crescimento em um momento que o mercado doméstico está enfraquecido. Em Minas, os reflexos tendem a ser ainda mais evidentes, uma vez que mais da metade das exportações do Estado são destinadas à China.
A instabilidade na China fez também com que o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, caísse 2,68% fechando a sessão em 42.189 pontos, menor nível desde abril de 2009, no pior momento da crise gerada pelo mercado imobiliário americano.
O movimento brusco no mercado financeiro chinês foi interpretado por analistas como um sinal de que os investidores estão mais receosos diante da situação econômica do gigante asiático. Com a queda das bolsas ficou evidente que a situação pode ser pior do que as projeções feitas ao longo de 2015.
Impactos
O professor de economia da faculdade Ibmec Reginaldo Nogueira explica que as exportações são o primeiro nicho a sentir o recuo chinês. Isso sem falar na queda dos preços das commodities como minério de ferro, soja e café, que são essenciais para a balança comercial brasileira.
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil e, em Minas, isso é particularmente dramático porque 60% do que exportamos é minério e os chineses são o principal mercado consumidor”, analisa.
Para Nogueira, a queda das bolsas asiáticas assustou o mercado porque aconteceu mais rápido do que o esperado. No entanto, nos próximos dias, o índice deve voltar ao normal, assim como o comportamento do dólar. “O mercado está refazendo todas as contas e está mais pessimista. Como a queda foi maior do que o esperado, há esse medo e um ajuste de preços dos ativos. Não acredito, no entanto, que haverá novas quedas tão fortes das bolsas”
Insegurança
Outro ponto apontado por especialistas é o ambiente que é criado por especulações e sensação de incerteza do mercado. Um dos agravantes é o fechamento das tomadas de decisão do governo chinês, consideradas pouco transparentes por agentes do mercado.
O presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, explica que a queda dos níveis industriais e a desvalorização do yuan - moeda chinesa - frente ao dólar podem desencadear efeitos em mercados do mundo inteiro.