Siderurgia nacional caiu 5,1%, enquanto média mundial cresceu 1,7%

Bruno Porto - Hoje em Dia
22/05/2014 às 07:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:41
 (Usiminas)

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Influenciada pelo fraco desempenho da economia brasileira e pela desaceleração do setor automotivo, e ainda recebendo impactos da importação de produto chinês, a produção de aço no Brasil, em abril deste ano, de 2,7 milhões de toneladas, foi 5,1% menor que a do mesmo mês de 2013. Na mesma comparação, a produção mundial de aço foi expandida em 1,7%. Os dados foram divulgados na última quarta-feira (21) pela World Steel Association (WSA).

A rede de distribuição de aço (vendas no varejo em pequenas quantidades), que representa 30% do consumo, reduziu suas compras em 7,5% no mês passado, o que também impactou fortemente o nível de utilização da capacidade dos altos-fornos brasileiros.

No acumulado do ano, o parque siderúrgico nacional produziu 11,132 milhões de toneladas de aço bruto, uma quase estabilidade (+0,1%) com o apurado no primeiro quadrimestre de 2013. Na mesma base de comparação, os 65 países fabricantes de aço contabilizaram uma somatória 543 milhões de toneladas, um avanço de 2,5%.

Impacto da China

Leonardo Saliba, sócio da Principal Investimentos, ressaltou que o fator China segue impactando diretamente na produção nacional. “Qualquer sobra de aço na China tem um impacto muito grande no Brasil. Por isso, a perspectiva futura para a siderurgia brasileira não é boa, com tendência de mais importações com a China desacelerando”, disse. De janeiro a abril, saíram dos altos fornos do gigante asiático 271 milhões de toneladas de aço, a metade da produção global.

Dados do Instituto Aço Brasil (IABr) apontam que a importação de aço em abril de 2014 foi 10,7% superior a de abril do ano passado e atingiu o maior nível dos últimos 6 meses. Nos quatro primeiros meses do ano, as compras externas aumentaram 5,7% sobre igual período de 2013. A escalada dos desembarques já ligou o alerta do setor.

“Vamos monitorar para impedir a prática de dumping. A China tem mais escala e, portanto, menor custo. Com a desaceleração da construção civil lá, esse aço vai ser escoado para outros países”, afirmou Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

Além da conjuntura externa, a situação da economia nacional, com baixo crescimento e, principalmente, o desaquecimento da indústria automotiva também pesam de forma desfavorável. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de veículos no Brasil no ano, até abril, caíram 5% quando comparado com igual intervalo do ano passado. Na comparação de abril deste ano ante o mesmo mês de 2013 a retração chegou a 12,1%.

O analista Lenon Borges, da Ativa Corretora, destaca que o menor volume de vendas da rede de distribuição de aço é preocupante. “A perspectiva já está deteriorada devido aos altos estoques da cadeia de automóveis, riscos de racionamento e recente queda da taxa de câmbio”, disse.

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