Em 1986, o endiabrado Peugeot 205 Turbo 16 Evo 2 desbancou Audi, Lancia e Porsche

Marcelo Ramos
mramos@hojeemdia.com.br
29/07/2016 às 23:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:04
 (Divulgação)

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Europeus adoram automóveis compactos de desempenho elevado – os chamados Pocket Rockets (foguetes de bolso), como o Fiat 500 Abarth, Mini Cooper S e Audi S1 –, mas poucos levaram o conceito tão a sério quanto a Peugeot. E não estamos falando do 208 GT com seus generosos 173 cv, e sim do 205 Turbo 16 Evo 2, uma verdadeira monstruosidade que pôs medo em marcas como Ferrari, Porsche, Lancia e Audi no Grupo B do Mundial de Rali (WRC) em 1986.

O Grupo B era uma categoria especial em que fabricantes podiam levar seus bólidos ao limite respeitando quesitos como capacidade volumétrica (litragem do motor), peso e largura das rodas. A modalidade surgiu em 1982 substituindo o então Grupo 4 e tinha como uma das exigências um volume de produção de 200 unidades para o mercado e, pelo menos, dois lugares para sua homologação.

Tais especificações permitiram a criação de automóveis lendários, como o Porsche 959 e a Ferrari 288 GTO, além do diabólico 205 Turbo 16 Evo 2.

Esse carro foi projetado em cima da diminuta estrutura do 205 original, lançado em 1983 (o modelo foi importado para o Brasil nos anos 1990). Com menos de 3,8 metros de comprimento, a solução da Peugeot foi instalar o motor central entre o eixo traseiro e os bancos do piloto e motorista. Detalhe: para poder acessar o motor havia um enorme corte que suspendia metade da porção traseira da carroceria. 

Adaptações

Como utiliza uma unidade turbo, o regulamento permitia deslocamento de até 1.8 litro e peso máximo de 890 quilos e largura máxima de 22 polegadas das rodas. Ele não era um carro bonito. Para ventilar o motor e os enormes pneus, o 205 Turbo 16 teve sua carroceria alargada. E o novo “capô” parecia que o carro tinha sido recuperado de um capotamento.

O carro estreou na temporada de 1984, chegando a vencer algumas etapas. No entanto, problemas de estabilidade e aerodinâmica faziam dele um veículo instável, que colecionou mais acidentes que vitórias. Mesmo assim, foi capaz de garantir o título de construtores em 1985, desbancando o incrível Audi Quattro Sport S1.

Melhorias

A versão Evo 2 chegou para corrigir as falhas do projeto original, mais leve e com ajustes aerodinâmicos, inclusive um aerofólio para fazer com que ele se mantivesse grudado ao chão, principalmente nas curvas. O carro também ganhou mais potência. O pequeno 1.8 passou a render absurdos 440 cv e possuir muito torque (este que podia ter sua distribuição controlada manualmente pelo piloto). Tudo isso permitia empurrar sua esquálida carcaça sem nenhuma dificuldade. Para poder correr, o regulamento da FIA exigia que pelo menos 20 unidades fossem construídas para uso urbano.

Leve e furioso o 205 Turbo 16 Evo 2 não teve dificuldades para conquistar o segundo título, em 1986. No entanto, o grande número de acidentes e mortes no Grupo B fizeram com que a FIA abolisse a categoria. O carro ainda participou de edições do Rali Dakar e corridas de montanha.

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