Em ano amargo, lojas de shoppings fecham e cortam 37 mil postos de trabalho

Tatiana Lagôa (*)
tlagoa@hojeemdia.com.br
27/12/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:13

Com as vendas em baixa, os shoppings centers de todo o país perderam 18.100 lojas em 2016. É a primeira vez, em 12 anos, que esses centros de compras apresentaram uma diferença negativa (-12,9%) entre abertura e fechamento de empreendimentos. Como resultado, 36.659 vagas de empregos foram fechadas pelos lojistas.

Os dados são da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop) e foram divulgados ontem. A pesquisa mostra, ainda, que os 19 shoppings abertos neste ano no país já começaram com apenas 50% da capacidade de ocupação. 

Em Minas Gerais, segundo projeções da Associação dos Lojistas de Shoppings Centers (Aloshopping-MG), a taxa de vacância nos malls chega aos 10% nos centros de compras já consolidados (abertos antes de 2013). Já naqueles que foram inaugurados após este período, o percentual está na casa dos 40%. 

Surpresa

Conforme o superintendente da Aloshopping-MG, Alexandre Dolabella, a taxa assusta por ser muito superior à apresentada nos anos anteriores. Até então, a média de vacância mineira era de 3%.

Ele explica que, além da crise, outros fatores pesam para o mau desempenho dos shoppings. “Os lojistas dos malls têm como ingredientes a mais que não existem nas ruas os altos custos do aluguel, do condomínio e do chamado fundo de promoção que é equivalente a 20% do valor do aluguel”, afirma.

“O que posso dizer é que chegamos ao fundo do poço. Lojas estão fechando e demitindo a cada dia nos shoppings”Alexandre DolabellaSuperintendente Aloshopping MG

 Vendas

A pesquisa nacional mostrou que a redução no valor das vendas nas lojas dos shoppings foi de 9,7% em 2016 frente a 2015. Isso porque, o esperado é acumular R$ 140,5 bilhões em vendas neste ano, valor cerca de R$ 5 bilhões menor do que ano anterior.

Segundo a Alshop, este é o primeiro ano, desde 2004, que o setor apresenta quedas nas vendas em termos nominais, 3,2%.
Essa variação negativa nas vendas seria resultante de fatores como o endividamento do consumidor e a restrição do crédito. Até mesmo o Natal, melhor época de vendas, teve um desempenho fraco. 

Da mesma forma, em Minas Gerais, o resultado ficou bem aquém do esperado. “Tivemos o pior Natal da história nos shoppings da Região Metropolitana de Belo Horizonte”, destaca Alexandre Dolabella da Aloshopping-MG. 

A análise da instituição leva em conta o resultado de 15 shoppings da Grande BH, sendo a maioria na capital, em Contagem e em Betim.

(*) Com agências Estado e Folhapress

Depois das perdas deste ano, resultados de 2017 são motivo de incerteza entre lojistas

Diante de resultados insistentemente ruins, os lojistas de shoppings centers não chegaram a um consenso sobre as perspectivas para 2017. Existem aqueles que apostam em uma retomada das vendas e outros que aguardam outro ano de perdas. 

As perspectivas da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop), por exemplo, são mais otimistas. A entidade aposta em uma melhora nas vendas a partir de março, quando o setor de vestuário recebe novas coleções. A justificativa para o ânimo passa por uma esperança diante das medidas anunciadas pelo governo Michel Temer. 

O saque de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a redução dos juros do rotativo do cartão de crédito e a minirreforma trabalhista, que abre espaço para negociações diretamente com as categorias, garantindo a primazia do negociado sobre o legislado, são algumas das medidas.

Segundo a Alshop, existe uma negociação junto ao governo federal para redução do tempo de pagamento das operadoras de cartão de crédito aos lojistas, hoje em 30 dias. A expectativa é que, até março, o governo feche questão sobre essa mudança, por sorte dos lojistas.

Por aqui

Já os empresários do ramo que atuam em Minas Gerais não estão tão otimistas. Segundo o superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping-MG), Alexandre Dolabella, a maior parte dos empresários ouvidos se mostraram pessimistas quanto ao próximo ano. 

A entidade trabalha com a perspectiva de um segundo semestre melhor em caso de as medidas do governo surtirem efeito. Mas, um grande empecilho para o setor é ainda o nível de desemprego que, na visão de Dolabella, deverá seguir alto em 2017. 

Expectativa de Natal magro no país é confirmada em análise

Seguindo a tendência de todo o ano, as vendas de Natal decepcionaram. Segundo dados da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), nos centros de compras, a queda foi de 3% frente a 2015.

O desempenho foi apurado com 150 empresas do varejo associadas à entidade. O mesmo levantamento mostrou uma retração de 11,5% no gasto médio do consumidor neste final de ano. 

O resultado foi especialmente negativo para os segmentos de móveis e artigos para o lar, de tecnologia e de comunicação e de eletrodomésticos, com variações nominais de -9%, -6,5% e -4,5%, respectivamente. Já na outra ponta, os setores que conseguiram se destacar em plena crise foram perfumaria e cosméticos, moda, calçados, brinquedos e bijuterias, além de acessórios. 

Nas ruas

A realidade também não é boa para o comércio de rua. Segundo a Serasa Experian, as vendas do varejo entre os dias 18 e 24 de dezembro, caíram 4%, comparado com 2015. Foi a segunda maior queda das vendas de Natal medida pelo indicador, criado em 2003 e que já vinha de duas quedas consecutivas: 6,4% em 2015 e 1,7% em 2014.

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