Endereços de Zezé e Aécio têm de carros de luxo a obras de arte

Amália Goulart e Paula Coura
29/05/2017 às 18:29.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:46

O material apreendido pela Polícia Federal em vários endereços ligados aos senadores Zezé Perrella (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) revela transações milionárias, posse de armas, joias, imóveis, obras de arte e carros de luxo. O material pode ajudar a força-tarefa da operação “Lava Jato” a esclarecer a origem do dinheiro e como eram as relações entre os acusados. 

Quando autorizou buscas e apreensões nos endereços, o ministro Edson Facchin ressaltou que material de luxo poderia indicar indício de lavagem de dinheiro. “Objetos relacionados aos fatos, especialmente bens de luxo que suscitem suspeita de constituírem produto de lavagem de dinheiro, tais como joias, relógios e obras de arte”, diz o ministro ao autorizar a operação Patmos, que teve como foco o recebimento de propina da JBS por Aécio. 
Na última eleição em que declarou patrimônio, em 2010, Perrella alegou ser empresário e ter bens no valor total de R$ 490 mil.

Nos endereços ligados ao assessor de Zezé Perrella, Mendherson Souza Lima, policiais encontraram dois talões de cheques em nome do senador, além de diversos contratos envolvendo as empresas Tapera e Limeira Agropecuária, ambas da família do peemedebista. 
Havia um contrato de compra e venda de um avião Cesna e certificados de veículos como BMW, Audi e Jeep. Mendherson ainda guardava joias. 

Nos endereços ligados a Perrella, foram encontrados contratos de compra e venda de vários imóveis e extratos bancários que mostram a transferência de valores da empresa Tapera para o peemedebista. Em uma dessas movimentações, consta o recebimento de R$ 950 mil por Perrella. 

De acordo com as investigações, Mendherson e o primo de Aécio, Frederico Pacheco, eram responsáveis pelo recebimento de dinheiro fruto de propina pago ao senador tucano pela JBS. 

Neste ano, a JBS teria repassado R$ 2 milhões a Aécio por meio de Menhderson e Frederico. Parte do dinheiro foi parar na conta da Tapera, suspeita de lavar o recurso, segundo documentos do Ministério Público Federal. A empresa teria sido usada desde 2014, conforme o procurador-geral Rodrigo Janot, para tal finalidade.

Para Janot, o senador também usou os serviços do doleiro Gaby Toufic. Na casa dele, foram apreendidas 323 pedras preciosas, além de quatro relógios de marca. Gaby já foi condenado a sete anos de prisão por tráfico de diamantes.

O doleiro “pode estar atuando na lavagem de parte dos recursos ilícitos”, diz Janot no inquérito. 
Na casa de Aécio foram encontrados 15 quadros e uma escultura. Um dos quadros tinha a inscrição “Portinari”.
Quando tentou candidatar-se a presidente, em 2014, Aécio declarou patrimônio de R$ 2,5 milhões.

 Outro lado

A defesa de Zezé Perrella informou que se prepara para juntar notas e documentos que comprovem, segundo ela, que os R$ 2 milhões pedidos por Aécio Neves ao sócio da JBS, Joesley Batista, não passaram pelos cofres da Tapera. 


A empresa é da família Perrella e é representada pelo assessor parlamentar Mendherson Souza. 
“Vou me sentar com o Zezé e o Gustavo (Perrella, filho do senador) para que possamos juntar as notas da Tapera e mostrar que essa acusação que estão fazendo é falsa. Toda essa documentação será apresentada para a imprensa e para a Polícia Federal”, explicou Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado de Zezé e Gustavo Perrella.
Sobre o material apreendido nos endereços da família, Kakay explicou que “faz parte do processo e não tem nada que incrimine ninguém”. 


De acordo com Antonio Velloso Neto, advogado de Mendherson Souza, a defesa não vai se pronunciar sobre o assunto neste momento, já que as investigações ainda não passaram ao campo judicial, conforme ele. Neto solicitou um agravo regimental, pedindo a soltura de Mendherson. “Acredito que o recurso deverá ser julgado não por um único ministro, mas pelo colegiado do STF nos próximos dias”, finalizou. 
A defesa de Aécio Neves informa que "os documentos divulgados ontem sobre apreensões feitas na residência do senador Aécio Neves evidenciam que nada que comprometa a atuação do senador foi encontrado, atestando, mais uma vez, a lisura de seus atos".

 Quanto ao quadro do pintor Portinari, trata-se de pintura feita especialmente para o presidente Tancredo Neves em 1961. Além de estar na família há quase 60 anos, o quadro consta de todas as principais publicações sobre o autor com referências ao seu proprietário.


Já o empresário Gaby Toufic não retornou aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição. 
Segundo a Polícia Federal, o material apreendido na operação Patmos, como joias e obras de arte, está à disposição da Justiça. Conforme a PF, a localização dele, porém, não pode ser revelada. Editoria de Arte

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