Energia térmica pesa na conta dos consumidores mineiros

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
06/02/2014 às 08:02.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:50
 (Cemig)

(Cemig)

A conta de luz dos mineiros deve ir às alturas no próximo dia 8 de abril, quando será realizado o reajuste da tarifa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Na ocasião, a estatal repassará aos 7,5 milhões de clientes os aumentos de custos contabilizados entre maio do ano passado e março deste ano.

Vai pesar na balança a despesa com a energia das usinas termelétricas acionadas para preservar o nível dos reservatórios das hidrelétricas. A energia das térmicas é mais cara, pois essas usinas usam óleo ou gás natural para gerar calor que vai movimentar as turbinas.

Até o fim de 2013, o gasto com termeletricidade no país chegou a R$ 10 bilhões. O valor será rateado entre todos os consumidores.

Para 2014, a perspectiva é a de que as térmicas continuem a pressionar os custos das distribuidoras. O consumo de energia do país atingiu recorde de 84.331 megawatts (MW) na segunda-feira, ao mesmo tempo em que os reservatórios das hidrelétricas chegaram a fevereiro com nível inferior ao apurado em igual mês de 2013.

Com o uso intenso das termelétricas, o valor da energia negociada no mercado livre, onde grandes consumidores e geradores têm liberdade para negociar preços, disparou. O Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que baliza os contratos de longo prazo e é usado para compras no mercado spot, foi fixado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para a primeira semana de fevereiro em R$ 822,83, o mais alto da história.

O valor é quase quatro vezes maior do que a média apurada em fevereiro do ano passado, de R$ 214,54. As distribuidoras recorrem ao mercado spot para cobrir eventuais diferenças em sua programação de consumo.

Na avaliação do presidente da CMU Comercializadora, Walter Fróes, se o governo federal não injetar recursos do Tesouro Nacional nas distribuidoras, a população deve preparar o bolso.

Setor elétrico recebeu R$ 170 bilhões em investimentos em geração

Nos últimos 10 anos, o setor energético recebeu R$ 170 bilhões em investimentos em geração, utilizados para tirar do papel 428 projetos responsáveis por injetar no sistema elétrico 50 mil megawatts de potência. Com relação às linhas de alta tensão, foram construídos 30 mil quilômetros, mediante aporte de R$ 40 bilhões.

Os valores, segundo Nivalde de Castro, coordenador-geral do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foram suficientes para garantir a confiabilidade do sistema nacional. “O sistema elétrico brasileiro é robusto, disso não há dúvidas”, afirma.

Na avaliação de Castro, o apagão que atingiu 13 Estados na terça-feira não pode ser, portanto, atribuído a deficiências no sistema. Apesar disso, ele admite atrasos em linhas de transmissão. “Os atrasos não são suficientes para comprometer o fornecimento de energia no país”, pondera. Castro cita a rapidez com que a energia foi restabelecida como sinônimo de eficiência do sistema.

Para Antonio Anastasia, governador de Minas Gerais, no entanto, faltam investimentos em infraestrutura de uma forma geral. “São necessários investimentos não só em energia, como também em portos e rodovias”, disse, durante visita às obras de restauração da Escola Estadual Barão do Rio Branco. Após o evento, ele se encontrou com o presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o defeito ocorreu inicialmente em linhas de transmissão da Taesa, empresa do grupo Cemig, e da Intesa. O problema acabou afetando uma terceira linha de transmissão, da Eletronorte, que faz a interligação Norte-Sudeste.
 

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