Especialistas dizem que aumento da conta de luz é inevitável

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
17/08/2016 às 22:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:25

A retomada da confiança do consumidor deverá ser punida com o encarecimento da conta de luz. Com o aumento do consumo residencial de energia elétrica[/TEXTO], segundo a Empresa de Energia Elétrica (EPE), e a redução do ritmo de geração pelas usinas hidrelétricas, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), especialistas acreditam que será inevitável o anúncio da bandeira amarela já em agosto. Isso significa que, a partir de setembro, para cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos será pago um adicional de R$ 1,50.

A título de comparação, um apartamento com dois moradores em que ambos passam parte do dia fora consome, em média, 300 KWh ao mês. Estima-se, portanto, um aumento de R$ 4,50 na conta com o hasteamento da bandeira amarela.

Caso haja uma recuperação da economia, o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, vai além. Nesse caso, ele projeta o acionamento da bandeira vermelha ainda neste ano. Afinal, imersas na crise, as indústrias ainda estão produzindo e consumindo energia em ritmo bem menor do que o do ano passado. Se retomarem a produção, pressionarão o sistema elétrico.

Utilizando o exemplo anterior, a conta de luz da casa com dois moradores ficaria R$ 9 mais cara com a bandeira vermelha.

Em junho, segundo dados da EPE, o consumo nacional de eletricidade bateu em 37.174 gigabites/hora (GWh). Embora menor do que o registrado em maio, devido às férias escolares, o montante ficou estável na comparação com igual período de 2015. Em maio, o consumo foi 0,8% maior do que no mesmo mês de 2015 e, em abril, 1,4% maior.

As residências foram as maiores responsáveis pelo crescimento do consumo. Em junho, as residências utilizaram 4,6% mais energia na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em maio, o consumo foi 3,5% maior e, em abril, 7,5%. Na contramão, as indústrias registraram queda de consumo de 3,3%, 3,2% e 4,8%, respectivamente.

Menos chuvas
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.

O PLD é o preço médio pelo qual os agentes balizam a energia no mercado livre. Quando o PLD passa de R$ 211 é necessário ligar as térmicas. Como estas utilizam combustível, produzem uma energia mais cara do que a das hidrelétricas. As bandeiras são, então, acionadas, e a diferença é paga pelo consumidor.

O aumento do consumo e a redução das chuvas reflete em alta do PLD, que é um balizador do preço da energia no Mercado Livre. Quando o PLD passa de R$ 211, é necessário ligar as térmicas. Como o combustível dessas usinas é mais caro do que o utilizado nas hidrelétricas, as bandeiras amarela e vermelha são acionadas, transferindo a conta para o consumidor

 Endividada e com queda de 62% no lucro, Cemig vende ativos

Mesmo com uma injeção de R$ 561 milhões por parte da União no caixa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), referente a uma das oito parcelas que a empresa receberá por ter renovado a concessão das Cemig Transmissora, a receita líquida da estatal despencou 11,8% no segundo trimestre de 2016 na comparação com igual período do ano passado, fechando em R$ 4,7 bilhões. O desempenho do lucro líquido foi ainda pior, com queda de 62,2%, fechando em R$ 202 milhões no mesmo período.

Enquanto os números da estatal derretem, o endividamento vai às alturas. Segundo apresentação realizada à imprensa ontem, a dívida líquida total somou R$ 7,4 bilhões. Somente para este ano, a companhia tem R$ 3,092 bilhões a pagar. A relação dívida líquida sobre geração de caixa (Ebitda), que reflete a capacidade da companhia de honrar seus compromissos financeiros, em junho era de 3,3 vezes. O número é melhor que o do trimestre anterior, quando ultrapassou 4 vezes, mas ainda está acima do que é permitido pelo estatuto da empresa, de uma dívida no máximo duas vezes maior que a geração de caixa.

No caso da Cemig, os juros também são altos. De acordo com o mesmo relatório, o custo médio da dívida já batem 15,7% ao ano.

A solução encontrada para reduzir a dívida é fazer o inverso do trabalho realizado pela administração anterior, baseado na compra de ativos e ampliação da empresa. Agora, a estatal está focada na venda das subsidiárias que não fazem parte do core business. Ou seja, tudo o que não for distribuição, geração e transmissão. Entre elas, a menina dos olhos Taesa e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).

O grande negócio da Gasmig, teoricamente, seria a extração do gás natural na bacia do São Francisco. A Cemig participou de consórcios de prospecção, mas a viabilidade da exploração comercial ainda não foi declarada.

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