'Fatura' de leilão das usinas da Cemig pode ir a R$ 18 bilhões

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
21/08/2017 às 21:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:11
 (Maxwell Vilela Chaves/Sindieletro / Divulgação)

(Maxwell Vilela Chaves/Sindieletro / Divulgação)

Mais um capítulo na novela “Usinas da Cemig”. O Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF-1) acatou uma ação popular impetrada contra a União e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e suspendeu o leilão de Miranda, Jaguara, São Simão e Volta Grande, marcado para 27 de setembro. Se de um lado a Cemig tem motivos para comemorar, de outro, a decisão afasta a estatal das usinas. Segundo o advogado que deu entrada na ação, Guilherme da Cunha Andrade, o governo ignora investimento de R$ 7 bilhões realizado pela concessionária mineira. O valor de outorga subiria, portanto, para R$ 18 bilhões.

A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que recorrerá da decisão. A Cemig, conforme a ação, teria direito a receber os R$ 7 bilhões como indenização do governo. Porém, o encontro de contas não acontece automaticamente. Primeiro, a companhia teria que apresentar garantias de que tem capacidade para honrar R$ 18 bilhões. E só depois, o governo iria reembolsá-la. E é aí que está o problema.

Além de possuir apenas R$ 2 bilhões em caixa, a estatal mineira tem dívidas de R$ 12,5 bilhões com vencimentos até 2024. Isso significa que conseguir os R$ 11 bilhões já não será tarefa fácil, conforme admitido pelo diretor comercial da Cemig, Dimas Costa. Ampliar o montante para R$ 18 bilhões, portanto, estaria bem distante da realidade da empresa.

Esforço

Para conseguir os R$ 11 bilhões, o presidente da energética, Bernardo Alvarenga, tem se reunido constantemente com representantes do BNDES, do Banco do Brasil e de bancos privados. Ontem, aliás, eles estavam em Brasília. Hoje, seguem para o Rio de Janeiro, onde fica a diretoria do banco público.
 
Conforme o diretor comercial, a empresa também tem recorrido a fundos de investimentos estrangeiros e, até mesmo, a alguns grandes clientes para conseguir o dinheiro.

Paralelamente, os executivos da estatal pedem que seja instalada uma Câmara de Conciliação. Caso o governo federal acate o pedido, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode adiar a votação de recurso apresentado pela concessionária mineira para impedir o leilão das usinas. A votação está marcada para hoje.Wesley Rodrigues

EM BH – Trabalhadores deram um abraço simbólico na sede da Cemig ontem contra possível venda das usinas

Abraço
Empregados da estatal mineira, aposentados e lideranças políticas se mobilizam, na tarde de ontem para um abraço simbólico à empresa. Caso as quatro usinas sejam devolvidas ao governo, o caixa da Cemig Geração será reduzido em 36,6%.

Os empregados, que recebem participação nos lucros da empresa ao final do ano, seriam diretamente impactados com a queda no valor. Os investidores e acionista da companhia também seriam afetados.

São Simão
Pelo menos 200 representantes do Sindicato dos Eletricitários e da Plataforma Camponesa e Operária pela Energia estão acampados na usinas São Simão, a maior da Cemig, localizada a 300 quilômetros de Uberlândia. Eles estão no local desde domingo. O objetivo da mobilização é impedir o leilão das hidrelétricas operadas pela concessionária mineira.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por