Grécia propõe restringir aposentadoria e aumentar impostos

Agência Folhapress
21/06/2015 às 16:26.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:34

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apresentou no domingo (21) propostas para um acordo financeiro com credores. Ele conversou por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Entre as concessões que devem ser feitas pelo governo grego estão três tipos de taxa do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), em 6,5%, 13% e 23%, propostos anteriormente  já negados pelas instituições credoras. No entanto, Atenas estaria disposta desta vez a mudar a incidência do tributo sobre alguns alimentos e o setor  hoteleiro para aumentar as receitas fiscais, como pedem os credores -Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.

Quanto à previdência, o governo estudaria abolir as aposentadorias antecipadas a partir do próximo ano, o que geraria uma economia de 200 milhões de euros, assim como reduzir as pensões complementares mais altas.

"O primeiro-ministro apresentou aos três líderes a proposta grega para um acordo mutuamente beneficente, que dê uma solução definitiva e não um adiamento para o problema", informou a presidência grega em comunicado.

Após horas de reuniões, o ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis, afirmou que o país caminha para um acordo. "Sempre, nós estamos caminhando para um acordo", disse a jornalistas. A conversa com líderes europeus ocorre um dia antes da reunião de cúpula de emergência de líderes da zona do euro, marcada para esta segunda-feira, para tentar evitar um "default" da Grécia. As negociações entre Atenas e seus credores internacionais sobre um acordo para a dívida permanecem estagnadas.

Depois de meses de disputas e uma corrida bancária que levou ao saque de bilhões de euros nos bancos gregos na última semana, o governo esquerdista de Tsipras sinalizou que está disposto a fazer concessões a fim de desbloquear 7,2 bilhões de euros de um pacote de resgate.

O país precisa do dinheiro para pagar dívida de 1,6 bilhão de euros com o FMI, que vence no final do mês. Em entrevista publicada hoje por um jornal local, o ministro de Estado, Nikos Pappas, se mostrou convencido de que chegará a um acordo "respeitando leis, a democracia e a coesão social".

O ministro afirmou que a Grécia procura uma solução que permita o retorno do crescimento dentro do euro, sem repetir os erros do passado. "Não pedimos só um acordo, queremos uma solução. Para que haja um acordo, ele deve beneficiar o povo. A restauração dos direitos trabalhistas, a oposição aos cortes dos salários e das pensões, nossa libertação da política de austeridade catastrófica e um tratamento integral da dívida foram e seguem sendo nossos objetivos", completou Pappas.

Sem chantagem
Para que o acordo funcione, Tsipras precisará de uma proposta que seja aceita pelo seu partido ou então poderá ser forçado a convocar um referendo ou eleições antecipadas para garantir um mandato para um acordo.

O partido Syriza, de Tsipras, programou um comício neste domingo para enviar uma "mensagem barulhenta de resistência" contra as exigências de novos cortes e aumento de impostos em um país atingido por anos de recessão. Em meio às medidas de austeridade impostas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), União europeia e Banco Central Europeu em dois pacotes de resgate, a economia grega recuou 25%, salários e aposentadorias foram cortadas e um em cada quatro
trabalhadores gregos está desempregado.

O governo grego argumenta que a austeridade imposta por países do sul da Europa pioraram a crise do país. "A democracia não pode sofrer chantagem e a dignidade não pode ser negociada", disse o partido em um comunicado oficial anunciando o protesto.

Mas na Alemanha, o país que desembolsou mais dinheiro nos resgates gregos, há pouca chance de negociação. A chanceler alemã, Angela Merkel, está pressionada a não ceder às demandas gregas, mesmo que isso signifique que o país tenha que deixar a zona do euro.

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