Extremamente firme, Mercedes AmG GT S faz qualquer um se sentir piloto

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
05/11/2016 às 10:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:32
 (Mercedes-Benz / Divulgação)

(Mercedes-Benz / Divulgação)

Mogi Guaçu (SP) – Outro dia saí de casa para cometer um crime de adultério. E não vou mentir sobre isso! Sabia que ela estaria no mesmo lugar que eu e não iria perder aquela oportunidade de viver uma aventura libidinosa. Afinal, não é todo dia que se tem a chance de topar com uma jovem trajada com um modelito escuro, justíssimo como se fosse a inesquecível Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer. Mas antes que algum conhecido pense em ligar para minha casa para disseminar a cizânia, convém revelar que essa dama se chamava Mercedes e que seu sobrenome é AMG GT S.

O local de nosso encontro de más intenções foi numa pista no interior de São Paulo. Como na trama de “A Bela da Tarde”, tocar nessa dama exigia paciência e persistência, afinal todo mundo queria ela por alguns instantes, tal qual a musa da casa de Madame Anaïs. Para falar a verdade, tive que esperar algumas horas até que Mercedes e eu trocássemos nossas primeiras e únicas carícias. 

Diferentemente de sua irmã mais velha, a SLS AMG, a GT S é mais acolhedora. As portas convencionais são mais acessíveis que as “asas de gaivota” da irmã. Impressionante como a GT S te abraça forte. Seus bancos tipo concha fazem com que o corpo se encaixe de forma tão justa que os solavancos mais violentos que viriam a seguir não tirariam o meu pesado corpo do lugar. 

Bijuterias
O console central alto, com aquela profusão de botões, todos ao alcance da mão direita e os dois grandes relógios diante dos meus olhos eram o indicativo de que teríamos momentos escandalosos. 

Sistema de som Burmester, couro camurça e alumínio no acabamento? Sistema multimídia com infográfico das funções dinâmicas? Tudo isso passou despercebido e só me interessava ver onde essa mulher iria me levar. 

Ao dar a partida, a moça mostrou que sua veste fatal não era apenas tipo. E ao pressionar com mais vontade no pedal direito o ruído metálico do V8 biturbo 4.0 de 510 cv invadiu a cabine. Era Mercedes me avisando que não aceitava brincadeiras.

Bipolar
Com o sinal para largar, pisei com toda força no acelerador. Mas todo pacote eletrônico estava ativado (era proibido mudar para o modo esportivo, afinal tratava-se de uma diva avaliada em R$ 980 mil) e não deixou que ela patinasse as rodas traseiras. 

Mas, mesmo assim, o carro acelerou absurdamente rápido e num piscar de olhos a primeira curva estava diante dos olhos. 
“Zebra a zebra”, dizia baixinho para ter a melhor tangência de curva. Absurdamente a AMG GT S me permitia entrar nas curvas da forma que eu imaginava ser a correta, já que ela corrigia minhas “barbeiragens”. Onde eu apontava o seu nariz ela ia. E após contornar a primeira chicane, mergulhei numa curva de subida à esquerda e ouvi o piloto no carona dizer. “Alinha o volante e dá todo motor”.

A Mercedes não titubeou e subiu o giro com uma raiva espumando todos os 66 mkgf de torque, em que se ouvia lascas de asfalto espirrando nas caixas de roda até chegar o próximo “cotovelo” e travar os enormes freios de carbono e cerâmica para fazer o contorno sem susto. Alinhado o volante, mais uma vez era maltratar o pedal direito até a próxima curva e depois frear com toda a força. 

Esse balé do caos foi repetido por algumas voltas, mostrando que o cupê era um carro de corridas travestido de automóvel Gran Turismo. O comportamento dinâmico da carroceria impressiona quando se compara a GT S com sua irmã C63 AMG. Ambas utilizam o mesmo conjunto motor, mas é impressionante como a GT S é mais elástica e estável, muito em função do uso de materiais leves que deixaram seu peso abaixo dos 1.700 quilos e também pela própria estrutura muito mais rígida. 

Ao final de nosso encontro, a GT S nem se despediu. Me trocou por outro qualquer como se fosse a verdadeira Bela da Tarde. Outro felizardo iria se deixar seduzir por seu jeito suave de ser indomável, que só é possível num carro com nome de mulher!

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