Popular 'chic': Novo Gol e 'X6h' da fiat deixam claro que a era dos populares ficou para trás

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
24/03/2017 às 15:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:52

Fiat e Volkswagen, junto com a General Motors, dominaram o mercado de automóveis por mais de 20 anos. E até o início da década de 2010, cada uma ostentava participações acima dos 20 pontos. Atualmente, nenhuma das três consegue um naco tão expressivo do mercado, nem mesmo a GM, que tem liderado o ranking de vendas, mas a situação é pior para alemães e italianos.

A razão disso está no modelo de negócio adotado pelas duas marcas europeias, que sempre tiveram um grande foco em modelos de entrada. O Gol foi o carro mais vendido do país por 27 anos, enquanto a Fiat foi líder de vendas por 14 anos contínuos. 

Para se ter uma ideia da importância dos populares para Fiat e VW, em 2012 recorde de vendas no país, com 3,6 milhões de emplacamentos, Gol, Palio, Uno e Mille licenciaram nada menos do que 735 mil unidades. Tata-se de um volume superior a 20% de todo o mercado, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

No entanto, a situação começou a ficar complicada após a morte de populares de ofício como Mille e Gol (G4), em função da não adoção do duplo airbag e freios ABS, obrigatórios desde janeiro de 2014.

Golpe duro
Somado ao esfriamento da economia, que teve início em 2015 e se transformou na pior recessão do país a partir de 2016, o segmento de populares perdeu força, uma vez que o perfil de consumidor de automóveis de entrada foi impactado pela falta de crédito e emprego, o que tolheu seu poder de compra. Outro comprador forte de populares, que eram empresas para uso em serviço, ou terceirizaram as frotas ou deixaram a renovação para mais tarde. 

No ano passado, Uno, Palio e Gol somaram 156 mil das 1,9 milhão de unidades comercializadas. O resultado foi um volume bem aquém do ano referência de 2012. Com o auxílio de Mobi (28.731) e Up (38.354), a participação dos modelos de entrada das duas marcas foi de 11%. Lembrando que em 2016 o mercado encolheu quase 50% sobre 2012.

Aposta
Tudo isso forçou as duas marcas a desenvolverem produtos que sejam capaz de concorrer em pé de igualdade com os compactos de uma concorrência, que até dez anos era inexpressiva, mas começou a ganhar terreno como Honda, Toyota, Hyundai e Renault, assim como a Ford, que por ter operação menor não foi tão abalada. 

A VW tem uma fenda aberta desde a aposentadoria do Polo, enquanto a Fiat sepultou Punto e Bravo recentemente, por terem deixado de ser rentáveis. Daí a aposta das montadoras é elevar o padrão do Palio com o projeto X6H e um novo Gol, que será construído na plataforma MBQ A0, do futuro Polo, na Europa.

Nessa disputa, a marca italiana está na frente. O X6H, modelo que herdou linhas do novo médio europeu, o Tipo, já está em fase final de testes, com lançamento aguardado para os próximos meses. Já o novo Gol ainda demora para fazer sua estreia no mercado. A expectativa é que ele seja lançado no próximo ano.

Especulações
Tanto o novo Volks quanto o novo Fiat se posicionaram num degrau acima de Palio e Gol. Eles irão se posicionar num patamar onde já estão Ford Fiesta, Peugeot 208 e Hyundai HB20, numa faixa de preços entre R$ 50 e R$ 60 mil, de olho no consumidor que tem poder aquisitivo superior ao perfil de quem compraria um popular, mas falta lastro para avançar para um sedã compacto ou um jipinho de entrada. 

Em ternos de conteúdo é esperado que ambos ofereçam direção com assistência elétrica e opção de ar-condicionado digital, assim como sistema de entretenimento que inclui navegação por GPS, conexão com smartphone e câmera de ré, assim como oferta de controles de tração e estabilidade (ESP) e pelo menos quatro airbags (dois frontais e dois laterais). 

Tudo isso já figura em pacotes de modelos mais qualificados de ambas as marcas e poderia, inclusive, baratear o custo de produção, devido à escala.

As apostas de motores para o novo Gol são mais tentadoras que o do novo rival italiano. A VW tem a seu favor a moderna unidade turbo TSI 1.0 com potências de 106 cv e 125 cv, que equipam Up e Golf, na ordem, além da unidade 1.6 16v de 120 cv. Já o hatch carcamano tem as opções da linha Firefly com as unidades 1.0 de 77 cv e 1.3 de 109 cv, assim como o E.torq EVO 1.8 de 139 cv.

As opções de transmissão em ambos os casos deverão contar com caixas automatizadas de embreagem simples, Dualogic no Fiat, e I-Motion no VW. Ambas fornecidas pela Magneti Marelli. 

Nessa toada, VW e Fiat fazem um raio-x do atual cenário econômico brasileiro em que o mercado tem se direcionado a um público de menor volume, mas ainda com poder de compra capaz de pagar mais e reduzir os efeitos da queda de demanda

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