SÃO PAULO (SP) – A edição 2016 do Salão do Automóvel de São Paulo abriu as portas do São Paulo Expo e reflete muito bem o atual cenário da indústria automotiva nacional, em que a grande maioria dos fabricantes locais se virou para apresentar novas versões de modelos em linha e poucos lançamentos concretos.
Por outro lado, há uma enxurrada de novos modelos importados, que não dependem diretamente de investimentos das filiais e, principalmente, a falta de recursos dos consumidores das camadas populares, que praticamente foram banidas do mercado devido à falta de oferta de crédito.
Dessa forma, o Salão de São Paulo é um retrato da atual situação econômica e foca suas novidades nos degraus mais altos da hierarquia das gamas. Não foi revelado nenhum novo modelo popular, apenas a versão com motor 1.0 três cilindros do Fiat Mobi, a Drive, assim como novas opções nas linhas Up e Gol da VW, que passam a contar com a opção Track e até mesmo uma pouco harmônica versão aventureira do Ka.
A Ford volta a apostar no sobrenome Trail para tentar fisgar consumidores que ainda se “amarram” no visual do CrossFox. E, por falar no “escoteiro” da VW, o modelo também carregou na maquiagem e ganhou a versão Urban White, com padrão de acabamento exclusivo.
Realidade
No entanto, não se pode jogar pedras na indústria. O ano de 2016 caminha para ser o pior desde 2008, quando foram comercializadas 2,3 milhões de unidades, o que obrigou muitas marcas a anteciparem seus lançamentos, que a princípio chegariam apenas no Salão. Mesmo assim, aconteceram apresentações de modelos inéditos, como o Honda WR-V, Hyundai Creta, Renault Captur e outros poucos que terão cidadania nacional.
Para quem gosta de automóveis, a mostra paulistana é uma oportunidade rara para ver de perto modelos exóticos como o Ford GT, que ilustra a capa do caderno. O supercarro que celebra os 50 anos da primeira vitória da Ford nas 24 Horas de Le Mans veio só a passeio e será personagem em boa parte das selfies.
Modelos conceituais também fazem exibições únicas como o Mercedes-Benz IAA, que debutou no Salão de Frankfurt de 2015, assim como protótipos de Endurance e monopostos da F1, que fazem do Salão de São Paulo uma espécie de Marquês da Sapucaí do automóvel.