Segundo maior rali do mundo exige resistência e sintonia entre piloto e navegador

Marcelo Ramos
miramos@hojeemdia.com.br
03/09/2016 às 11:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:40
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Logo mais, às 10 horas, será dada a largada da 24ª edição do Rally dos Sertões, a segunda maior prova de rali do mundo, atrás apenas do Rally Dakar. Entre as dezenas de motocicletas, carros e quadriciclos está a equipe HND Racing, de Belo Horizonte, com os pilotos Lucas e Antônio Teixeira e os navegadores Rafael Dias e Emerson Etechebere, que irão percorrer os 3.500 quilômetros da prova em oito dias.

Lucas e Rafael correm a bordo do protótipo Sherpa, na categoria Pró-Brasil, enquanto Antônio e Emerson disputam na Super Production. Durante os testes pudemos conferir de perto como são os carros e também andamos em um deles para sentir como é a vida a bordo em um rali.

No aperto
Entrar no carro não é fácil. A altura elevada para superar facões, buracos e ondulações das trilhas e os reforços estruturais da célula de sobrevivência tornam o espaço para embarque mínimo, ainda mais quando se está vestido com capacete e protetor de pescoço (HANS). O banco do tipo concha é duro e moldado para oferecer posição correta dentro carro e o cinto de cinco pontos literalmente amarra os ocupantes. 

Para conversar a bordo é preciso usar um comunicador acoplado ao capacete, pois o barulho do motor, ruído dos incontáveis equipamentos, vento, detritos do solo e o abafamento do capacete tornam a voz inaudível. E como num rali de regularidade, como é o Sertões, o piloto depende totalmente das instruções do navegador, e uma vez que não há passagem de teste pelos trechos, o aparelho de comunicação é vital.

Na condição de passageiro, sem nenhuma obrigação de guiar o piloto, não é preciso mais que alguns minutos para o corpo sentir toda a truculência do Sherpa vencendo as trilhas como se andasse no asfalto liso. O carro simplesmente ignora as irregularidades graças ao conjunto de suspensão de competição e enormes pneus para uso fora-de-estrada.

Depois de algumas voltas, com sorriso de menino na cara e 104 quilos retorcidos, perguntei como é suportar trechos de mais de 400 quilômetros e com a tensão de confiar totalmente numa planilha. “É preciso ter muito preparo físico, trabalhar o corpo para suportar o desgaste, o calor e a tensão. Já não sou menino, mas me mantenho em forma para poder continuar correndo”, explica o veterano Antônio, que participa do Sertões desde 2002 e conta também que é preciso ter uma sintonia com o seu parceiro”.

Ele e Emerson, que já venceu a prova na categoria caminhão, explicam que é preciso respeitar o limite humano de cada um. “Ás vezes, seu parceiro não acordou no melhor dia e a gente precisa ter controle para não deixar que uma resposta seca se torne um problema. É preciso entender e não deixar que isso interfira”, observa o navegador.

“Dentro do carro um precisa incentivar o outro. O desgaste é grande e um erro pode criar um desânimo. Nessa hora, é preciso motivar e lembrar o parceiro que não podemos perder o pique”, explica Rafael.

Estreante
Com apenas 24 anos, Lucas fará sua estreia na competição. Apesar da pouca idade o piloto já é campeão mineiro de rali e conta com a experiência de Rafael, que além de navegador há mais de dez anos, também é mecânico. O quarteto fez uma preparação intensiva para a prova.

“Normalmente, há um período de preparação de seis meses. No entanto, tivemos pouco mais de três semanas para ajustar os carros e testar todos os equipamentos para a disputa”, lembrou Lucas enquanto discutia o ajuste da central eletrônica do protótipo que teimava em cortar a alimentação em determinada rotação.

“Temos que testar tudo antes da largada, pois qualquer defeito no caminho significa perda de posição ou até fim de prova”, afirmou.

  

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