Isabelle Huppert volta aos cinemas com 'Em Nome de Deus'

Agencia Estado
08/11/2012 às 10:21.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:00

Brilantê, Marcô, Bob Uilsón. Como boa francesa, Isabelle Huppert acentua os nomes de uma forma que soaria estranho para qualquer brasileiro. Ela fala de seus diretores. Brillante Mendoza, com quem fez "Captives", que estreia nesta sexta-feira como "Em Nome de Deus"; Marco Bellocchio, que dirige "A Bela Que Dorme", e o filme ganhou o prêmio da crítica, na Mostra de Cinema de São Paulo, há exatamente uma semana. Admira-se de saber que Bob Wilson está na cidade. Não é uma admiração de espanto. É o reconhecimento de que há, aqui embaixo - da Linha do Equador -, um público exigente e sofisticado.

Ela lembra que "Em Nome de Deus" começou a nascer em São Paulo. Como presidente do júri de Cannes, já conhecia o filipino Brillante Mendoza e lhe outorgara o prêmio de direção por "Kinatay". Reencontraram-se em São Paulo, onde ele participava de uma retrospectiva de sua obra e ela, da montagem de Bob Wilson para "Quartet", Quarteto. "Em Cannes, já havíamos manifestado o desejo de trabalhar juntos, mas havia sido uma coisa pro forma. Poderia ter ficado só numa troca de gentilezas, se não tivéssemos nos reencontrado em São Paulo. Ele me falou desse caso de sequestro que ficou célebre nas Filipinas. Os reféns, a maioria mulheres, pertenciam a uma instituição religiosa e benemerente. Embrenharam-se na selva. O resgate foi um fracasso e alguns reféns foram mortos pela equipe de resgate, não pelos sequestradores."

Brillante já tinha uma ideia do filme que queria fazer. "Ele é um diretor muito físico, que faz um cinema da epiderme e da urgência. Mas o tema da religião, em 'Em Nome de Deus', lhe permitiu avançar sobre áreas mais intimistas e até transcendentais. A dúvida, a crença, o sacrifício." Foi um filme difícil de fazer. Isabelle não fala em dificuldade material - "Para isso você teria de falar com Brilantê". Fala em dificuldade física, os dias e noites na selva, os insetos, o calor. "C’était un chauchemar". Foi um pesadelo, mas ela não se queixa.

Depois de "Em Nome de Deus", fez o Bellocchio na Itália, "A Bela Que Dorme", de novo o tema da religião, mas aí as condições já eram diversas, de volta à Itália. E emendou com "In Another Country", que fez com o coreano Hong Sang-soo (e que teve sua estreia mundial em Cannes, em maio). Filipinas, Coreia, o que há de tão atraente em trabalhar com diretores de outras cinematografias, outras culturas? "É sempre o encontro. O papel, o autor. O cinema é o mesmo país em todo lugar", garante, com a segurança de quem sabe.

Brillante Mendoza não se surpreendeu com a ausência de premiação para "Em Nome de Deus" no Festival de Berlim, em fevereiro. "Ele sabia que seria um filme pouco palatável para o público festivalier", Isabelle Huppert diz numa entrevista de Bruxelas, onde filma com Catherine Breillat. Marco Bellocchio ficou mais aborrecido por nada haver ganhado com "A Bela Que Dorme" em Veneza, em setembro. Isabelle fala de seus novos filmes e autores. Elogia, acima de todos, Bob Wilson. "Malgré Godard, Chabrol e Cimino, tive com ele um dos grandes encontros artísticos e humanos de minha vida." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

EM NOME DE DEUS
Nome original: Captive. Direção: Brillante Mendoza. Gênero: Drama (França, Filipinas, Alemanha, Reino Unido/ 2012, 120 min.).
Classificação: 16 anos.
http://www.estadao.com.br

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