Jornais impressos sobrevivem e ainda crescem no Brasil

AFP
24/07/2012 às 21:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:49
 (Carl Court/AFP)

(Carl Court/AFP)

  RIO DE JANEIRO - O jornal impresso está vivo e com força no Brasil, onde a circulação continua crescendo, apesar da crise, mas, para conquistar mais leitores, deve oferecer informações mais profundas e análises, estimaram nesta terça-feira chefes de redação dos quatro maiores jornais brasileiros.   A circulação dos jornais do Brasil cresceu em média 2,3% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2011, com uma média diária de 4,5 milhões de exemplares, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) divulgados nesta terça-feira.   Diante da avalanche de informações em diferentes plataformas, que incluem as redes sociais, no jornal impresso "o que os leitores querem é mais análises, mais reportagem, mais opinião, muito mais debate e, principalmente, muita profundidade", disse Ascanio Seleme, diretor de redação de "O Globo".   "Um jornal não pode apenas publicar notícias de ontem, tem que explicar o que vem depois, e por quê", acrescentou o jornalista, em um debate organizado no Rio de Janeiro antes do lançamento do novo projeto gráfico da publicação, no próximo domingo, quando O Globo completa 87 anos. "Há uma crise batendo à porta. Temos que nos preparar."   Para Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de "O Estado do São Paulo", no momento em que "o excesso de informação pode levar à alienação total, nós, jornalistas, podemos ser os guias. Não se deve temer esse papel, esse ofício de selecionar, contextualizar, servir ao ser humano", disse.   "Conservadora como sou, jurássica, acredito que o jornal impresso vai sobreviver, talvez de uma forma mais compacta (...) Uma elite intelectual vai querer pagar mais para ter esse privilégio. Haverá mudanças, mas o jornal impresso continua", afirmou Vera Brandimarte, diretora de redação do "Valor Econômico".   Apesar da profusão de fontes de informação em diferentes plataformas - blogs, Twitter, Facebook, etc. - a maioria dos brasileiros prefere se informar nos sites dos grandes jornais, destacou a jornalista. "Deve-se pensar no diferencial (do jornal impresso), em aprofundar os temas, cativar o leitor, o que exige uma mão de obra mais especializada."   O site do jornal e as redes sociais, que, no começo, chegaram a competir com as agências de notícias pela informação em tempo real, atravessam agora uma etapa em que buscam "uma maior identidade com o jornal impresso", assinalou Vera. "O objetivo é manter o leitor atualizado ao longo do dia."   "O jornal impresso continua sendo um produto bem-sucedido, e reforça a unidade da marca" em todas as plataformas em que o meio está presente, afirmou o editor executivo da "Folha de São Paulo", Sergio Dávila.   O jornal sobreviverá porque dá prazer lê-lo, porque ainda é mais portátil do que o iPad ou outro tablet, porque as informações fixas, selecionadas e checadas por jornalistas sérios, "duram 12 ou 24 horas, ou mais, na cabeça do leitor, e porque o jornal impresso tira as pessoas de sua zona de conforto, mostrando a elas a realidade a fundo", estimou o editor.

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