'Lava Jato', 'Zelotes', Mensalão e tantas outras: Hoje em Dia mostra o peso da corrupção

Tatiana Lagôa e Tatiana Moraes
primeiroplano@hojeemdia.com.br
04/07/2016 às 06:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:09
 (Editoria de arte)

(Editoria de arte)

A palavra corrupção – expressa em ações como “Lava Jato”, “Zelotes”, “Mensalão” e outras mais – se tornou tão corriqueira para os brasileiros que poucos param para pensar sobre os reflexos práticos dos atos ilícitos. 

Eles representam um custo de, pelo menos, 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil. Nos últimos cinco anos, a cifra alcançou R$ 569 bilhões. Apenas em 2015, R$ 135,7 bilhões. 

Na prática, são menos recursos aplicados em serviços básicos, como saúde e educação, em infraestrutura e na geração de empregos. E essa é apenas a ponta do iceberg que o Hoje em Dia vai mostrar, a partir de hoje, em uma série de reportagens. 

O levantamento que revela o rombo para a economia do país, feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), leva em conta dados como o PIB per capita, além de investimentos e retorno para a população. 

Com base na nossa matéria de capa de hoje (https://t.co/YyjUc8XcQ4), queremos saber: a corrupção afeta a sua vida?— Jornal Hoje em Dia (@jornalhojeemdia) 4 de julho de 2016


No mundo, segundo pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI), a corrupção custa o equivalente a R$ 7 trilhões ao ano.

“Nós percebemos que um país menos corrupto tem um ambiente de negócios mais competitivo, atraindo mais investimentos e negócios. A corrupção torna tudo mais lento e caro no Brasil”, afirma o vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho. 

Consequências

É um custo alto também para a população. Se o recurso retirado da economia brasileira fosse aplicado em residências populares, poderia eliminar o déficit habitacional do país em dez anos. Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas mostrou que o país poderia suprir essa necessidade com um investimento de R$ 76 bilhões anuais no período.

Para resolver os gargalos em infraestrutura, seria necessário R$ 1 trilhão. Seguindo a mesma lógica, sem corrupção no país, em cerca de oito anos esse problema deixaria de existir.

“Se olharmos o Brasil em termos de PIB e potencial de crescimento, lembrando que ele tem uma das dez maiores economias do mundo, já vemos que essa conta não bate com as condições de vida da população. Não temos serviços públicos adequados, saneamento, transporte, saúde e educação condizentes com tamanha riqueza”, afirma o diretor de economia da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer. 

É a mesma visão do Transparência Internacional, referência mundial na análise de corrupção. Em uma lista de 168 países, o Brasil divide a 76ª colocação com seis nações: Bósnia e Herzegovina, Burkina Faso, Índia, Tailândia, Tunísia e Zâmbia. Em 2014, ficou na 69ª posição. 
 

 Wesley Rodrigues 

OCUPAÇÕES–Se os valores desviados em esquemas de corrupção fossem revertidos em investimentos no setor habitacional,evitariam loteamentos irregulares como o William Rosa em BH


Desvios jogam dinheiro público no lixo e travam obras relevantes para a população

Intervenções em aeroportos, construções de estradas, instalações de linhas de transmissão e tantas outras obras. Esses são alguns exemplos mas, mesmo que a lista fosse muito maior, cada item manteria uma característica em comum: vícios na licitação ou na execução dos trabalhos. 

Esse é um tipo de corrupção muito comum no Brasil e afeta a população de duas formas: impedindo que equipamentos urbanos importantes sejam concluídos e jogando no lixo o dinheiro público.

De acordo com dados do Tribunal de Contas da União (TCU), somente em 2015, houve o retorno para os cofres públicos de R$ 23,88 bilhões em recursos que estavam sendo desviados. O montante é resultado de condenações e medidas cautelares impostas pelo tribunal. Foram 3.318 condenações pelo uso indevido de recursos da União. 

O valor inclui o acompanhamento do órgão em diferentes áreas. No setor rodoviário, por exemplo, o Tribunal auferiu desvios de R$ 154 milhões em um ano. São estradas que poderiam facilitar a vida dos brasileiros, reduzir o tempo de viagem e os acidentes e simplesmente não saem do papel em decorrência de atos corruptos. 

Na área de energia, o rombo também é significativo. O atraso na entrada em operação de empreendimentos de geração e transmissão de, pelo menos, 11 outorgas nos últimos anos gerou um custo extra ao governo de R$ 8 bilhões. E a falta de investimentos adequados é uma das causas para os chamados “apagões”, que trazem prejuízos para o setor econômico e transtornos de toda ordem para a população, segundo relatório do TCU. 

Esse tipo de fraude, que é o recebimento para a realização de uma obra pública sem a entrega como o combinado, é a mais facilmente identificada como corrupção. Mas o tema é bem mais amplo e inclui casos de apropriação ilegítima de bens patrimoniais ou serviços públicos.


DNA

Apesar de ser um tema recorrente na atualidade, a corrupção é uma prática secular. “A sensação de que houve um aumento é fruto da maior fiscalização, que coloca os escândalos em evidência. Mas podemos citar exemplos de corrupção desde o Brasil colônia”, afirma a coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Corrupção da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rita Biason. 

  

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