Médios e grandes consumidores já podem comprar diretamente de quem gera

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
08/10/2016 às 21:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:09
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

Crise não combina com aumento do preço da energia. Mas é isso que acontece hoje. Com vendas e faturamento em queda em todos os setores, as empresas mineiras ainda enfrentam aumento de 60% no preço da energia somente em 2015.

Mas existe a alternativa da compra de energia diretamente da fonte, sem passar pelas distribuidoras, ainda pouco conhecida no mundo corporativo. Na compra direta, o preço é negociado diretamente com fornecedores, fugindo das tarifas estabelecidas pelo governo.
Segundo especialistas, o novo sistema pode gerar redução no preço entre 15% e 20%, que para uma cota média de energia de R$ 100 mil mensais significa uma economia ao ano de até R$ 240 mil.

Os “Consumidores Especiais”, como são chamados, devem consumir mensalmente entre 500 quilowatts (kW) e 3 megawatts (MW). Mas, para verificar que o sistema é vantajoso frente ao consumo, é necessário contratar um estudo de viabilidade econômico financeira.
“Normalmente, empresas com contas a partir de R$ 100 mil já se habilitam. Geralmente, um prédio comercial de 30 andares se enquadra. Um shopping também”, afirma o diretor-executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Junior.

Alteração
Ele explica que a migração é simples. Basta fazer a análise econômico financeira da alteração, notificar a distribuidora da mudança – a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), no caso dos mineiros – e trocar o medidor de energia. Segundo Kawai Junior, a análise econômico financeira é realizada por consultorias ou comercializadoras de energia.

O proprietário da Colortêxtil, fábrica de tecidos, e presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis, de Malhas de Minas Gerais (Sindimalhas), Flávio Roscoe, aderiu ao modelo especial há pouco tempo em uma de suas três fábricas. Após uma avaliação, ele não optou pelo preço mais baixo disponível, mas por aquele que permitia um volume de compra flexível. Na ponta do lápis, o resultado surpreendeu. Segundo o empresário, a redução mensal na conta de luz foi de, aproximadamente 16%. Como o medidor instalado fica por conta do interessado, há um custo. Mas o investimento, de acordo com ele, compensa.

“Em quatro meses, o que investi será pago e, a partir daí, a redução na conta de luz será real”, comemora. Na avaliação do proprietário da Colortêxtil, que possui duas unidades em Minas Gerais e uma no Nordeste, a possibilidade de escolher o fornecedor de energia dá fôlego às indústrias nacionais. No caso de Minas Gerais, em que o ICMS da energia é de 30% e é cobrado “por dentro”, se transformando em 42%, a economia costuma ser maior.

Incentivada
“A migração para este mercado é feroz. Além de reduzir a conta de luz eles incentivam a geração de novas fontes de energia”, ressalta o gerente de Gestão de Clientes do grupo Delta, Reinado Ribas.

Afinal, a energia comprada pelos consumidores especiais deve ser de fonte incentivada, como solar, eólica, biomassa e Pequena Central Hidrelétrica (PCH), por exemplo.

Potencial da compra direta representa 40% do consumo nacional de energia

O número de consumidores que poderiam se enquadrar na categoria de “especiais”, aqueles com contas superiores a R$ 100 mil, aproximadamente, registrou um salto superior a 60% em 2016. Em janeiro, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia (CCEE), eram 1.253 clientes. Em julho, subiram para 2.019.

Na CMU Comercializadora de Energia, o movimento foi ainda melhor. Conforme o proprietário da empresa, Walter Fróes, o número de clientes especiais conquistados em 2016 mais do que dobrou este ano. E, de acordo com ele, ainda há muito espaço para crescer.

“Muitas empresas que poderiam se encaixar como consumidores especiais, ou no mercado livre, não sabem disso. É um mercado muito novo. Hoje, 28% do mercado de energia é livre ou especial. Temos potencial para chegar a 40%”, diz Fróes. E, em Minas Gerais, o potencial é ainda maior do que no restante do país. O Estado, com grande vocação industrial, detém 12,3% do mercado de energia livre.

O especialista do setor destaca que no Mercado Livre o volume de energia contratada deve ser superior a 3 megawatts. Neste caso, entram grandes indústrias, grandes shoppings e outros. “Diferente dos consumidores especiais, que deve ser comprada de fonte incentivada, no mercado livre a energia contratada pode ser de qualquer tipo de energia”, explica. Por mês, cerca de 120 adesões do mercado livre são registradas na CCEE.

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