Música para embalar os sonhos e deixar a vida difícil para trás

Juliana Corrêa - Do Hoje em Dia
27/09/2012 às 10:53.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:37
 (Divulgação)

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Para meninas de 11 a 18 anos das periferias de Contagem e Betim, na Grande BH, a música é a porta de saída das ruas. A intimidade com instrumentos musicais lhes permitiu ocupar o tempo, ganhar os palcos e alimentar o sonho de um futuro melhor.

No repertório da Orquestra Jovem Sol das Gerais, iniciativa do projeto Gente Grande, música clássica, que a cada dia ajuda as adolescentes a deixar para trás problemas como extrema pobreza, gravidez precoce e carência de escolaridade.

Nas mãos de 24 adolescentes, obras de Bach, Beethoven, Brant e Vivaldi contagiam todo o espaço da escola de música, localizada em Betim. De lá, já saíram para teatros da capital, como o Sesiminas, palco de recente e aplaudida apresentação.


Sonho

Graças ao projeto, Aline Verônica Ferreira, de 16 anos, se apaixonou pelo som da viola, há três anos. Melhorou o relacionamento com outras pessoas, aprendeu inglês, informática e matemática. “Era uma menina muito tímida, a ponto de não conseguir falar com as pessoas”. Ainda em dúvida quanto ao futuro, a adolescente somente tem a certeza de querer melhorar a realidade da família e não se desvencilhar mais das notas musicais.

“Não sei como conciliar esse sonho com meu trabalho futuramente”, desabafa. “Passava muita dificuldade em minha casa”. Para se aperfeiçoar e esquecer os problemas, Aline treina por duas horas diariamente.
 

Mais que som

O projeto Gente Grande não se limita à orquestra. As garotas recebem capacitação profissional. Participam de atividades socioeducativas, têm aulas de reforço escolar e frequentam curso sobre meio ambiente e qualidade de vida.

“As meninas deixam o projeto com emprego garantido em uma empresa da região”, explica Vânia Mendes, coordenadora do projeto e fundadora da orquestra, em parceria com o Senac.

Para participar e seguir no projeto, é preciso empenho. “Se tomar bomba na escola, tomamos bomba aqui”, afirma Ketlyn Júlia, de 16 anos, violoncelista da orquestra. A música também mudou a vida da jovem, que sonha ser advogada. “Nunca imaginei ter a oportunidade de apresentar meu trabalho em um teatro deste tamanho (Sesiminas)”.

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