O presidente francês, Emmanuel Macron, provocou uma onda de críticas com uma brincadeira sobre as "kwassa-kwassa", embarcações frágeis que, segundo ele, não servem para pescar, mas para "trazer comorenses" ao departamento francês de Mayotte, no oceano Índico.
Um vídeo gravado durante uma visita na quinta-feira passada ao Centro de Salvamento Marinho da Bretanha (oeste da França), e exibido na sexta-feira à noite no programa de televisão "Quotidien", mostra o presidente falando com oficiais.
Um deles menciona vários tipos de embarcações, afirmando que "há 'tapouilles' (embarcação de pesca da Guiana) e 'kwassa-kwassa'", e Macron responde: "Ah, não, o 'kwassa-kwassa' é em Mayotte (...) mas o 'kwassa-kwassa' pesca pouco, traz comorenses, é diferente".
Os "kwassa-kwassa" costumam ser utilizados por migrantes das Ilhas Comores para chegar a Mayotte, um território situado a 70 km de distância no oceano Índico, que se tornou o 101º departamento francês em 2011.
Os migrantes usam os "kwassa-kwassa" para alcançar as costas de Mayotte de maneira irregular. Em 2015, houve mais de 19.000 deportações nesse departamento, em comparação com as cerca de 20 mil que se registraram em todo o território metropolitano.
Os naufrágios durante as travessias provocam um grande número de mortes todos os anos.
A AFP tentou entrar em contato com a presidência neste sábado (3), mas até as 15 horas (12 horas de Brasília) não havia recebido nenhuma resposta. Segundo a rádio Europe 1, o entorno de Macron admitiu que tinha se tratado de uma "brincadeira não muito feliz" e "inoportuna".
Os rivais políticos de Macron criticaram as declarações.
"Como presidente do grupo de amizade França-União das Comores da Assembleia Nacional, convido Emmanuel Macron a resolver os problemas locais em vez de rir deles", declarou o deputado socialista Daniel Goldberg.