Mercado do Mangalarga tem expansão de 10,2%

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
22/07/2017 às 21:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:42
 (MAURÍCIO VIEIRA)

(MAURÍCIO VIEIRA)

Belo Horizonte recebe, até o dia 29 de julho, a 36ª Exposição do Cavalo Mangalarga Marchador. Realizado no Parque de Exposições da Gameleira, na região Oeste da Cidade, o evento, o maior do setor equídeo da América Latina, traz à tona a importância e o peso do mercado de cavalos na economia brasileira.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), Daniel Borja, aliás, o segmento gera mais empregos do que a indústria automotiva. Ele é o entrevistado do Hoje em Dia no Página 2 desta semana.

Qual o impacto da raça o Mangalarga Marchador na economia nacional?
Temos uma plantel com mais de 600 mil animais. Estamos falando da maior raça da América Latina. Do ano passada para este ano, registramos aumento de 10,2% no número de negócios e criadores. É um crescimento representativo, principalmente devido ao momento difícil do Brasil. Fugimos de todas as anormalidades do Brasil. O negócio Mangalarga marchador é crescente.

E porque o setor cresce?
O cavalo vende muito porque é versátil. Identificamos o cavalo em quatro frentes. A primeira, que apresenta maior crescimento, é a cavalgada. O Mangalarga Marchador é o cavalo da família. É um cavalo macio e dócil, que agrada a todos.
A segunda aplicação é o trabalho. Você tem prazer em montar de manhã e descer de noite.
Com muita tranquilidade, digo que o diferencial do Mangalarga Marchador é o conforto. Nas outras raças têm cavalos mais fortes, cavalos maiores. Mas de cela, o Mangalarga Marchador é o que dá mais conforto para trabalhar o dia inteiro.
No esporte, vendemos potros para a prova de três tambores, de cinco tambores, entre outros.
Com tanta versatilidade, os criatórios crescem cada vez mais. Hoje temos 14 mil associados. Todos mês, são 200 novos criadores. <EM>

Quanto o setor movimenta?
O setor de cavalos movimenta R$ 16,5 bilhões. São três milhões de postos de trabalho no Brasil. Isso envolve o peão, o apresentador, a parte veterinária, a parte de implementos agrícolas, insumos, adubos, reprodução. Toda a cadeia, que é gigante.


E empregos diretos em Minas?
610 mil empregos diretos.

Qual a participação da raça Mangalarga Marchador em Minas?
Minas responde por 45% do mercado de Mangalarga Marchador. Quando falamos onde tem mais criatórios e cavalos, Minas sai na frente. Temos que lembrar que é uma raça mineira. O berço do Mangalarga Marchador é no Sul de Minas, em Cruzília e Caxambu.


O que significa responder 45% do mercado?
Estamos falando de plantel e criadores. Minas, Rio e São Paulo, essa é a ordem. Depois, Bahia.


E com relação aos negócios?
Minas detém 35% do mercado de negócios. Rio de Janeiro é muito forte também.

Fale um pouco sobre a exposição.
A 36 edição tem como tema “O cavalo do trabalho e do lazer”. Ano passado foi “O cavalo da família”. A Exposição do Mangalarga Marchador é a vitrine nacional do mercado. Trata-se do maior evento equídeo da América Latina. Mais de 1,6 mil cavalos passam por aqui, é um recorde nacional. Além dos mineiros, temos mais de 18 estados presentes na Gameleira. E vêm criadores de outras raças também. Eles vêm e ficam encantados, assustados, porque é muito grande.

E quanto vai movimentar?
Pelo menos R$ 25 milhões. E esse movimento é só no evento, sem contar o que vai movimentar depois. Ano passado foram R$ 20 milhões, esse ano queremos superar a meta. A nossa gestão é muito preocupada com a integração das pessoas. E a exposição é integradora. Pelo do guia da Belotur somos o segundo maior evento de Belo Horizonte e o maior evento privado da cidade. Só perdemos para o Carnaval. E o evento também tem o poder de girar a economia. Todos os hotéis ao redor do parque estão lotados.

Quantas pessoas são esperadas?
Antes, o evento durava 11 dias. Agora, aumentamos um dia e ele dura 12. Nesse período, esperamos 250 mil visitantes. Ano passado foram 180 mil, esse ano vamos superar a marca. Somente ontem, aumentou em 50% o movimento na comparação com a abertura do ano passado. A exposição está muito maior.

Quanto maior?
Este ano, a quantidade de restaurantes, por exemplo, é 30% maior. Temos Porcão, 68 Pizzeria, Akemi, Duke in Duke, Haus Munchen, Classe A, Trindade e Boca do Forno, entre muitos outros. O espaço gastronômico é grande. As pessoas vêm almoçar e jantar aqui.

E para as crianças?
Temos um espaço kids lindo para as férias das crianças, com brinquedos infláveis e games. Na fazendinha, as crianças conhecem os bichos do campo e têm aula com uma cobra. É um momento muito gostoso para as crianças. Elas podem, inclusive, montar cavalos no test ride. Pela manhã, recebemos visitas de escolas públicas, municipais e estaduais. As crianças ficam encantadas. É uma oportunidade de ter essa vivência do campo, uma vivência que não está acessível a todos.

Quantos leilões estão previstos?
Dois leilões, ambos muito bons. Um é em comemoração aos 40 anos do haras Santa Esmeralda, do empresário Adolfo Geo Filho. O outro é o Marchadores pela Vida, que é muito importante pra gente. Com ele, ajudamos nove instituições, oito ligadas ao câncer infantil e uma que ajuda dependentes químicos. São 45 lotes em cada leilão, 90 lotes nos dois.
No Marchadores pela Vida nós buscamos os melhores embriões, os melhores óvulos e os melhores pacotes de cobertura da raça para leiloar. Ano passado, arrecadamos R$ 1 milhão. Esse ano, a gente quer aumentar o projeto.

Qual o impacto da exposição na valorização do animal?
Quando o animal ganha um prêmio, imediatamente o valor dele sobe 300%, 400%, 500%. No mínimo. É um cavalo que sai da categoria de “bom” e se transforma no melhor do país. Dá um status enorme.
Mas o que mais valoriza o cavalo é ser um garanhão. É aquele que vende sêmen. Ele consegue imprimir nos descendentes dele as qualidades que fizeram dele campeão. O maior “glamour” é ter um cavalo garanhão.


É possível falar de valores?
Nós temos sêmen de R$ 3 mil a R$ 20 mil. O sêmen do número 1 da raça hoje vale R$ 20 mil. A cobertura dele vale R$ 20 mil. Ele está em Minas, em Borda da Mata, na divisa com São Paulo. É um cavalo de quatro donos.

Qual o perfil do criador do Mangalarga Marchador?
São pessoas das classes A e B. Na maioria das vezes, empresários. Mas também tem os criadores que utilizam os animais nas fazendas.

Como promover o melhoramento genético da raça?
Temos o projeto Genética Campeã, que promove melhoramento de tropas. Ele deixa material genético de boa qualidade mais acessível a todos. O Brasil tem material genético de excepcional genética. Porém, muitas vezes o criador pequeno não tem acesso a esse material. Com o projeto, nós subsidiamos o material para os nossos associados.


Quando fala subsidiado, falamos em uma redução de quanto no preço?
É praticamente o preço da coleta. R$ 400 praticamente.

E para apresentar a raça a outras regiões, existe algum projeto?
Sim, o Avante Marchador. O Brasil é muito grande, por isso, levamos o cavalo Brasil afora. Onde existe mercado, mas ainda não há conhecimento sobre a raça, nós vamos. No Centro-Oeste, por exemplo, nossa raça tem crescido muito porque fazemos exposições, leilões, eventos para fomentar o mercado. É um projeto novo. E também temos o Marchadores para Todos.

O que é este projeto?
O Marchadores para Todos é um projeto para darmos cursos. A associação promove os treinamentos pelo Brasil afora, ensinando ao pequeno, médio e grande criador sobre o nosso cavalo. Temos curso de montaria, manejo, equitação, doma, entre vários outros. Somos contratados por associações, núcleos e cidades do Brasil todo para dar esses cursos.

Esse projeto também é subsidiado?
De uma forma sim. Em 2016 demos 108 cursos e formamos quase 1200 pessoas. Esse ano, já demos 30 cursos e formamos 600 alunos. É um projeto que só cresce.
Temos uma plantel com mais de 600 mil animais. Estamos falando da maior raça da América Latina. Do ano passada para este ano, registramos aumento de 10,2% no número de negócios e criadores
 

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