Mercado piora as projeções e já fala em PIB zero

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
10/02/2015 às 07:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:58

Pela primeira vez, o Relatório de Mercado Focus do Banco Central, que aponta as expectativas das instituições financeiras, baixou para zero a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Além de economia estagnada, as projeções são de inflação de 7,15%. O que já está ruim, porém, deve ficar ainda pior. Na avaliação de especialistas, as medidas adotadas pelo governo não têm sido suficientes para conter o dragão e retomar investimentos. E no meio do caminho ainda há a crise energética.
“A realidade é que o PIB será negativo. O governo fala em corte de custos mas tem despesas amarradas. E subir receitas via tributos sem cortar custeios não adianta. Provavelmente ainda teremos o problema do racionamento de energia, que afeta diretamente a indústria e é mais grave que falta de água”, afirma o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves.
Segundo ele, a ausência de investimentos comprometeu 2015. E só medidas urgentes, com aprimoramento das concessões e PPPs de portos, rodovias e ferrovias, poderão salvar 2016. De acordo com Gonçalves, Minas sofrerá mais que o país. “O Estado tem uma dívida cara com a União. Também depende dela para obras do metrô e BR-381. Sem falar na queda das exportações e preços das commodities”, diz.
Para a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos, o governo tenta arrumar a casa com elevação de juros e de tributos. “É um mal necessário, mas que acaba doendo no bolso do consumidor e do empresário”, diz. Neste ano, o varejo deve crescer, no máximo, 1,5%.
Em Istambul, na reunião do G20, iniciada na última segunda-feira (9), o presidente do BC, Alexandre Tombini, tem a difícil missão de convencer os colegas do grupo de países mais ricos do mundo de que o Brasil está no rumo certo, em um “processo de reequilíbrio macroeconômico”, com ajuste fiscal e política monetária em busca da meta de 4,5% de inflação no fim de 2016.
Por aqui, Tombini ainda não convenceu. “A crise energética deve agravar o cenário, já ruim com alta de impostos e juros”, diz o economista da Fecomércio-MG, Caio Gonçalves.

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