Mesmo com aumento das chuvas nos últimos dias, nível dos reservatórios permanece baixo

Felipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
Publicado em 04/12/2017 às 21:41.Atualizado em 03/11/2021 às 00:03.
 (Cemig/Divulgação)
(Cemig/Divulgação)

Os reservatórios mineiros têm recebido um grande volume de água com a chuva intensa que cai no Estado. Mas apesar do início da recuperação do nível dos lagos das hidrelétricas, especialistas não creem na queda imediata da tarifa vermelha, que leva a um aumento R$ 3,50 para cada 100 quilowatt/hora na conta de luz em Minas, já que o nível dos reservatórios ainda é muito baixo.

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), o nível de armazenamento nas usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste é de cerca 19,5%. A perspectiva do órgão é chegar em abril (o fim do período úmido), com 40% do nível de armazenamento. “Mas esse montante vai depender muito das afluências até o mês”, afirma, em nota.

São os dados fornecidos pelo ONS, como consumo e nível dos reservatórios, que determinam as bandeiras tarifárias impostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Mas apesar do volume de água nos reservatórios ainda ser baixo, a Cemig vê com alívio a vazão que chega com a chuva. A maior diferença é notada em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que costumam ficar mais próximas das cabeceiras dos rios e têm reservatórios menores. Em Carmo do Cajuru (7 megawatts de potência), Oeste de Minas, o nível de água da usina passou de 23% no final de novembro para 56%.

Dentre os grandes reservatórios, Três Marias (395 megawatts) teve o seu pior nível alcançado em 19 de novembro, quando a água chegou a 6% da capacidade total do reservatório. Ontem o nível da água batia em 9,2%. A expectativa da Cemig é que, com as chuvas previstas para os próximas semanas, o percentual chegue a 18% no final de dezembro – nível baixo, se comparado aos 24,86% do mesmo período do ano passado.

“O mais expressivo é que, no momento, estamos recebendo cerca de 1.200 metros cúbicos por segundo de água e liberando 80 metros, em Três Marias. A diferença é toda retida no reservatório. Em comparação, em 25 de outubro estávamos recendo cerca de 25 metros cúbicos por segundo e liberando 310”, explica o engenheiro de planejamento energético da Cemig, Ivan Carneiro.
 


Situação parecida é vista em outras usinas. Em Nova Ponte (510 megawatts), na região de Araguari, ontem o reservatório recebia 900 metros cúbicos de água por segundo, ante os 190 metros cúbicos que chegavam até sexta-feira passada, dia 1º. O volume de água passou de 11,9% no dia 22 de novembro para 13,7%, na tarde de ontem.

Cautela
O diretor do Instituto de Desenvolvimento do Setor Energético (Ilumina) Roberto D’Araújo ainda considera o quadro delicado.

Ele explica que mais que os níveis de reservatórios, é preciso considerar a capacidade de geração de energia guardada. “Se tivéssemos somente hidrelétricas para a geração no país, teríamos hoje cerca de um mês e meio garantido. Com o volume máximo dos reservatórios, esse tempo seria de cinco meses”, diz.

A grande questão é o volume de chuva se manter. A assessoria do Operador Nacional do Sistema (ONS) pontua que somente ao final do período chuvoso, em abril, é possível traçar um quadro preciso sobre a geração de energia para 2018.

Na Cemig, a perspectiva é que a chuvas em janeiro fiquem um pouco abaixo da média. “Mas a expectativa é boa. As chuvas em 2016 e 2017 foram muito ruins – não recuperou nem os reservatórios nem os lençóis freáticos, levando ao quadro de seca que vivenciamos. Acreditamos que o período seco de 2018 não será tão ruim quanto em 2017”, afirma Ivan Carneiro, da Cemig.

Roberto, da Ilumina, lembram que a situação poderia ser pior caso a economia estivesse crescendo num ritmo adequado. “Estamos com a nossa carga estagnada desde 2014. E a economia estivesse crescendo, levando a um aumento na carga consumida, o sistema não aguentaria”, coloca.

 

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