Minas fecha 117.943 vagas de emprego

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
20/01/2017 às 23:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:29

O ano fraco de 2016, com baixo desempenho econômico, refletiu de forma negativa no emprego formal. Em Minas Gerais, foram fechadas 117.943 vagas, o que representa uma queda de2,91% frente a 2015 no número de pessoas com carteira assinada.

Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A pesquisa mostra ainda que, apenas em dezembro, o saldo de empregos ficou negativo em 51.823 em Minas.

Em 2016, o setor que apresentou o pior desempenho no Estado foi o da construção civil. Apenas as construtoras demitiram 34.674 trabalhadores a mais do que contrataram.

E a explicação é simples: “Muitas obras foram finalizadas ou paralisadas para reduzir os custos. E praticamente não tivemos lançamentos no Estado”, afirma o presidente da Câmara da Indústria da Construção Civil da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos.

Para o setor, pesou a falta de confiança do consumidor, que adiou o plano da casa própria, a escassez de crédito e os juros altos. Nem mesmo o Minha Casa, Minha Vida, que costumava ser um oásis em meio a crise, foi bem. “O Minha Casa, Minha Vida sofreu com dificuldade de repasses. Houve um hiato de créditos bloqueados. Tudo isso impacta”, afirma. <

Consumo
Duas áreas ligadas ao consumo que também sofreram os impactos da equação juros e inflação em alta somados ao crédito e renda em baixa foram serviços e comércio. O primeiro perdeu 31.522 trabalhadores e o segundo outros 17.010.

Segundo o economista da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomécio-MG), Guilherme Almeida, a queda já era esperada. “Esse fechamento de vagas é uma resposta ao cenário econômico. Se temos queda no volume de vendas e de prestação de serviços, a sequência natural é demissões”, afirma.

E, pelo menos para os dois setores, as expectativas são de mais cortes no primeiro semestre deste ano. “O desemprego tem um efeito defasado. Como 2016 foi um ano ruim, a tendência é a de que os cortes reflitam ainda em 2017”.

Produção
Como um efeito em cascata, a produção segue a mesma lógica de queda que o consumo. Logo, o nível de emprego também não vive um dos melhores momentos.

A indústria de transformação mineira entra 2017 com 30.199 empregados a menos do que iniciou o ano anterior.

Segundo o presidente do Conselho de Política Econômica da Fiemg, Lincoln Gonçalves, os segmentos industriais que mais demitiram em Minas foram o automotivo, o siderúrgico e o de produtos de metais.

E, coincidentemente, essas são as áreas com maior representatividade na indústria do Estado, o que justifica o cenário de desindustrialização implantado.

 Agropecuária manteve desempenho positivo e encerrou o ano com 1.730 postos de trabalho

A agropecuária foi o único setor que contratou mais do que demitiu em Minas Gerais, ao longo de 2016. O segmento apresentou um saldo positivo de 1.730 vagas formais, uma elevação de 0,63% frente ao ano anterior, segundo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Em dezembro, quando as principais culturas do Estado já estão em entressafra, o saldo ficou negativo em 5.699.

Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, o bom desempenho do setor no acumulado do ano se justifica pela safra recorde de café. “É uma atividade com relativa importância no nosso agronegócio”, afirma.

A coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais, Aline Veloso, acredita que a diversidade do agronegócio mineiro também contou como um ponto positivo. “Quando uma cultura começa a demitir outra contrata”, explica.

O mesmo não ocorreu no Brasil, onde todos os oito setores analisados tiveram saldo negativo em 2016. Apenas a agropecuária fechou 13.089 vagas formais. Na soma de todos os setores, o Brasil perdeu 1,32 milhão de postos de trabalho em 2016.

O número é o segundo pior da série histórica, iniciada em 2002, perdendo apenas para 2015, quando foram demitidos 1,54 milhão de pessoas a mais do que contratadas. Ou seja, em dois anos o país perdeu 2,86 milhões de colocações com carteira assinada.

A indústria de transformação fechou 322,5 mil vagas com carteira ao longo do ano passado, também o segundo pior da história. Em 2015, o saldo tinha ficado negativo em 608,8 mil.

Já a construção civil teve desempenho negativo em 358,6 mil postos de trabalho em 2016. O número também é melhor somente que o de 2015, que eliminou 416,9 mil vagas formais. No caso do comércio, houve a eliminação de 204,3 mil vagas.

O único setor que fechou mais vagas do que 2015 foi serviços, onde as demissões superaram as contratações formais em 390,1 mil, para um saldo negativo de 276 mil em 2015.

(Com agência)
 

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