Mineiros relatam cenas de medo e compaixão durante atentado em Barcelona

Paula Bicalho
pbicalho@hojeemdia.com.br
17/08/2017 às 19:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:08
 (ORIOL DURAN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO /)

(ORIOL DURAN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO /)

O atentado terrorista que matou 13 pessoas e deixou cerca de 100 feridos na tarde desta quinta (17), em Barcelona, na Espanha, mexeu também com a vida de mineiros que moram ou estão na cidade. Em entrevista ao jornal Hoje em Dia, eles relatam os momentos de terror e tensão que tomaram conta da cidade após o atentado, mas também revelaram cenas de superação e solidariedade dos espanhois, que mostram força para seguir a vida e enfrentar o terrorismo.

"É algo que desestabiliza pela crueldade gratuita", relata Daniela España, empresária que mora em Barcelona desde 2006. Ela conta que, mesmo assim, é bonito ver a atitude da população. "Hospitais com um monte de gente doando sangue, taxistas trabalhando de graça para ninguém usar o metrô, gente do mundo inteiro escrevendo e perguntando pelo bem estar local, isso é o que vale".

"E tem uma coisa que é realmente impressionante: a sensação de que a cidade é nossa! Não aceitamos, repudiamos e tem polícia na rua, nos helicópteros, no alto dos prédios. Assustar, assusta mesmo, parece Gotham City. Mas, o trabalho de todos pra ficar todo mundo seguro o quanto antes é admirável", completa a empresária.

Marcelo Pantuzza é publicitário e está em Barcelona há poucos dias, a passeio,  e esteve na manhã desta quinta na Praça Catalunya, próximo ao local do atentado. "Estava em Sitges quando soube da noticia. Mas, quando voltamos de ônibus, por exemplo, o motorista não sabia onde parar porque as ruas do centro estavam cercadas. Havia recomendações também para que não andássemos por avenidas largas e grandes, atrações públicas foram canceladas por hoje".

Mas, segundo ele, o medo não impede as pessoas de voltarem às ruas. "Dá uma sensação de medo porque você vê muita polícia e bombeiros na rua, mas ainda tem muitos mercados, bares e restaurantes abertos, por exemplo. Estou há cerca de 1,5 km do local do atentado e, por aqui, tudo parece normalizado".

A jornalista Paula Otero mora em Barcelona há 2 anos e sete meses, perto de Rambla. "A polícia orientou que a gente não saia de casa, pra não ir na região do atentado, mas não tem toque de recolher nem nada do tipo. Moro há cerca de 10 minutos de Rambla, e dava pra ouvir sirenes e helicópteros mas, olhando pela janela, o movimento era normal".

Para ela, é preciso continuar a vida, mesmo com medo. "Dá medo de sair de casa porque é algo que aconteceu perto da gente, no lugar em que vivo, num local que frequento, mas não dá pra parar a vida por causa disso. Aqui na Europa eles têm muito essa consciência. Em Paris ou na Bélgica, por exemplo, mesmo depois dos atentados, todo mundo continuou seguindo sua rotina, porque a vida continua".

O designer gráfico Henrique Távora, que mora há 15 anos na cidade, estava há 600 metros do local do atentado. "Trabalhava no escritório, só estávamos eu e a secretária, porque agosto é mês de férias aqui. Por volta das 17h, ela recebeu uma mensagem falando sobre um possível atentado e resolvemos procurar na internet. Começamos a ouvir os barulhos das sirenes, porque estamos há cerca de 600 metros da Praça Catalunya e, logo depois, pelo twitter, confirmamos o ocorrido. Ficamos muito angustiados, e passei umas duas horas entrando em contato com meus familiares no Brasil e minha esposa que está viajando de férias com minhas filhas pra dizer que eu estava bem", conta.

Segundo Henrique as orientações eram para não sair de casa. "A ordem das autoridades era para não sair, para evitar o local dos atentados. Foram horas de angústia e só consegui sair do escritório umas quatro horas depois. Na rua, o astral era muito tenso, as pessoas com caras assustadas, sem saber o que fazer".

Pelo twitter, o jornalista Marcelo Bechler, que mora em Barcelona há quase 3 anos, contou que o Banco de Sangue da cidade tinha reservas suficientes para atender aos feridos, mas que as pessoas estão fazendo fila nos hospitais para doar sangue.

Ele também reiterou a importância de não se espalhar boatos num momento como esse, que só prejudica a situação e aumenta o alarde. 

Neste momento hospitais de Barcelona têm filas de pessoas se disponibilizando para doar sangue.— Marcelo Bechler (@marcelobechler) 17 de agosto de 2017
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