Morre papa da gastronomia francesa, o estrelado chef Paul Bocuse

AFP
20/01/2018 às 12:09.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:52
 (AFP)

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Conhecido como o “papa” da gastronomia francesa, personificada por ele durante décadas no mundo inteiro, o estrelado chef Paul Bocuse faleceu aos 91 anos – informou no Twitter o ministro francês do Interior e ex-prefeito de Lyon, Gérard Collomb. Bocuse morreu em seu conhecido restaurante de Collonges-au-Mont-d’Or, vilarejo perto de Lyon, na região centro-leste do país, relatou um chef lionês próximo à família, que ainda não se pronunciou.

Há vários anos, esse chef com três estrelas no Michelin sofria do Mal de Parkinson. “Paul Bocuse morreu, a Gastronomia está de luto. O senhor Paul era a França. Simplicidade e generosidade. […] o papa da gastronomia nos deixa”, tuitou o ministro francês do Interior, Gérard Collomb.

O encarregado do conhecido guia Gault & Millau, Côme de Chérisey, lembrou o “grande homem, mas, sobretudo, quem – junto com Henri Gault e Christian Millau – lançou a ‘nouvelle cuisine’. Esteve na origem desse ‘big bang’ que se produziu na gastronomia francesa e mundial”.

Em seu restaurante de Collonges, nada levaria a suspeitar da notícia neste sábado, com os funcionários mantendo o sorriso e o atendimento característicos. A mulher do chef, Raymonde Bocuse, e sua filha Françoise, estavam hoje no restaurante, para onde seguia Jérôme Bocuse, também filho de Paul, nascido de outro casamento.

Trajetória estrelada

Paul Bocuse nasceu em Collonges-au-Mont-d’Or, em 11 de fevereiro de 1926, em uma família de chefs e começou a aprender o ofício aos 16 anos. Teve como mentores Eugénie Brazier, primeira mulher a receber três estrelas em 1933 e quem lhe inculcou o rigor; e Fernand Point, no início dos anos 1950.

Seu estabelecimento L’Auberge de Collonges no Mont D’Or conseguiu as três estrelas Michelin em 1965 e nunca perdeu nenhuma. A primeira veio em 1958, e a segunda, dois anos mais tarde, quando transformou o imóvel da família, que se transformaria no templo da gastronomia da França. Cinco anos mais tarde, obteve sua terceira estrela, consagrando sua ascensão meteórica.

Artífice de um império avaliado em mais de 50 milhões de euros, Bocuse também foi o chef com três estrelas Michelin de mais antiguidade na posição, sem interrupção.

Isso não impediu alguns críticos de afirmarem que seu restaurante L’Auberge du Pont de Collonges não estava mais à altura da honraria. Alguns guias já o classificavam na categoria de instituição, sem pontuações.

Chef do século 

“Monsieur Paul”, como era chamado, definia-se como “um adepto da cozinha tradicional”. “Sim, certamente minha cozinha é antiquada”, admitia esse bon-vivant, que se deliciava com “pratos simples”. Nomeado “chef do século” pelo guia Gault-Millau, rival do Michelin, em 1989, e, mais uma vez, em 2011, pelo prestigioso The Culinary Institute of America, Bocuse abriu novos horizontes para a gastronomia francesa, associada para sempre a seu nome e a sua marca. “Trabalho como se fosse viver 100 anos e saboreio a vida como se cada dia fosse o último”, dizia esse sedutor.

A vida intensa era celebrada nas relações amorosas. Desde 1946 casado com Raymonde, com quem teve uma filha, por mais de 60 anos Bocuse também compartilhou sua vida com Raymone, mãe de seu filho Jérôme, e, durante mais de 40, com Patricia. “As mulheres me encantam, e vivemos muito tempo hoje para passar a vida inteira com uma só”, disse em 2005 ao jornal britânico “The Daily Telegraph”.

 

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