Morre Sam Shepard, mestre da escrita e ator de grandes papéis

Estadão Conteúdo
01/08/2017 às 07:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:51
 (Charles Sykes/Associated Press)

(Charles Sykes/Associated Press)

Seu último filme estreou num festival dos EUA, em junho - Never Here, de Camille Thoman. Foi gravado (em HD) no ano passado. Desde essa época, o estado de Sam Shepard agravou-se muito. Sofria de esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurodegenerativa. Na quinta, 27, Shepard morreu em casa, no Kentucky. O anúncio foi feito na segunda, 31, por um porta-voz. Tinha 73 anos. Imediatamente, Beau Willimont, que foi seu produtor, postou nas redes sociais - "Sam foi um dos maiores. Seus olhos testemunharam muita coisa, e ele escreveu sobre o que viu sem medo e com honestidade integral. Adeus, maestro."

Filho de um casal de professores, Samuel Shepard Rogers III - seu nome completo - herdou dos pais o gosto pela escrita. Foi autor de 44 peças de teatro, mais livros de pequenas histórias, ensaios e memórias. Em 1979, venceu o Pulitzer, o maior prêmio literário dos EUA, pela peça Buried Child, que integra com Curse of the Starving Class e True West uma trilogia sobre a família. Os críticos acrescentam outros dois textos ao que consideram uma pentalogia - Fool for Love/Louco de Amor e A Lie of the Mind.

Louco de Amor é a mais popular das peças de Shepard - virou filme de Robert Altman e, no Brasil, foi montada por Hector Babenco (com Xuxa Lopes e Edson Celulari). Paralelamente à atividade como dramaturgo, Shepard desenvolveu uma carreira como ator. Coestrelou, com Richard Gere e Brooke Adams, Cinzas no Paraíso, de 1978, no começo da carreira de Terrence Malick - quando ele era bom de fato. Entre outros roteiros, escreveu dois para filmes de Wim Wenders - Paris, Texas, que recebeu a Palma de Ouro em 1984, e Estrela Solitária.

Em 1982, Sam Shepard estava no elenco de Frances, de Graeme Clifford, com Jessica Lange. Iniciaram ali uma ligação que durou até 2009, com direito a dois filhos. Foram muitos papéis, e muitos bons filmes. Mas o melhor é Os Eleitos, de Philip Kaufman. A epopeia espacial dos EUA, a histórica primeira geração de astronautas, recrutados entre pilotos de ponta. Sam Shepard faz o lendário Chuck Yeager, preterido por sua rebeldia. Numa cena, ele sobe mais alto que qualquer homem. Rompe as barreiras do som e do espaço, e Kaufman filma, em paralelo, o strip-tease de uma artista também mítica, Miss Sally Rand, envolta em plumas. No começo do ano, saiu nos EUA o último livro de Shepard. A Estação Liberdade anuncia que vai lançar The One Inside no Brasil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 

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